02_18_Bahia 3 a 1 JuazeirenseO Bahia ganhou um artilheiro, digamos, inesperado. O jogador contratado para exercer a função de goleador foi Hernane, porém, com a sua lesão, Edigar Junio assumiu as rédeas do ataque tricolor e desandou a mandar bola para as redes. Com o gol marcado contra o Globo FC, na última quarta-feira, pela Copa do Brasil, ele chegou a oito, igualando o Brocador na artilharia do clube na temporada. No Campeonato Baiano, ele tem cinco e é o artilheiro da competição. Os números animadores revelam o melhor início de ano da carreira do atacante de 25 anos, cedido por empréstimo pelo Atlético-PR até o fim de 2016.

O melhor ano da carreira de Edigar Junio foi 2014, quando ele marcou 16 gols, todos pelo Joinville, clube pelo qual mais se destacou até hoje. Lá, o atacante foi um dos principais destaques da campanha que levou os catarinenses à Série A do Campeonato Brasileiro: balançou as redes 12 vezes na Série B. No primeiro semestre, no entanto, o jogador marcou apenas quatro vezes, todas no Campeonato Catarinense. São quatro gols a menos do que ele tem hoje, no time baiano.

A temporada de 2014 foi também a melhor da carreira de Edigar em número de partidas disputadas. Foram 53 jogos ano, 49 como titular. Na Segundona, ele foi titular em 32 das 36 partidas que entrou em campo; no Estadual, fez 15 jogos, todos como titular; na Copa do Brasil, também foi titular nas duas vezes em que entrou em campo.

No Bahia, Edigar foi titular em praticamente todas as partidas do ano. Ele atuou em 15 dos 18 jogos da equipe de Doriva na temporada, sendo que, quando ficou fora, foi por decisão do treinador de poupá-lo ou de mandar a campo um time misto. Contra o Globo, por exemplo, ele entrou na segunda etapa, deois de um duelo desgastante contra o Fortaleza, que rendeu ao Tricolor a classisifação para a semifinal da Copa do Nordeste.

Em contato com a reportagem do GloboEsporte.com, o atacante comemora a boa fase, os minutos jogados e os gols marcados com a camisa tricolor

– Desde que eu soube que viria para o Bahia, sabia da responsabilidade que enfrentaria, e isso fez com que eu me dedicasse mais. Nas férias, já comecei meus treinamentos e acredito que vêm surtindo efeito agora. Com a ajuda dos meus companheiros, estou podendo chegar mais vezes ao gol e concluir bem – afirma o atacante.

O desempenho de Edigar Junio, é claro, tem agradado ao chefe. Doriva, que tem no atacante um dos seus homens de confiança, elogia o amadurecimento do camisa 11.

– Edigar tem crescido, tem feito um campeonato muito sólido. Individualmente falando, ele está amadurecendo ainda, e tem amadurecido muito. Tem melhorado muito a performance individual e coletiva. Ele é um jogador que faz gols. Sempre fez gols nos clubes por que passou. Em um momento em que o Hernane está fora, ele tem uma notoriedade maior. Mesmo quando Hernane estava jogando, ele vinha fazendo bons jogos. O gol é uma consequência. Ele estava fazendo bons jogos. Ele ainda não foi utilizado no Atlético-PR, ainda não conseguiu se firmar lá. É um jogador que eu vejo com um potencial muito grande – diz.

SEM HERNANE, EDIGAR VIRA PROTAGONISTA

Doriva toca em um ponto importante. O crescimento de Edigar Junio acontece no momento em que o Bahia perde aquele que, até então, era o seu jogador mais importante. Hernane começou a temporada com tudo e, em pouco tempo, caiu nas graças da torcida com um desempenho assombroso. Em sete jogos, o Brocador balançou as redes oito vezes, média de mais de um gol por partida. Foi então que o artilheiro da equipe sofreu uma lesão ligamentar e foi obrigado a acompanhar do departamento médico o sucesso da equipe no Baiano e na Copa do Nordeste.

Não é difícil explicar: sem o Brocador, Edigar tem a chance de jogar mais perto da área, muitas vezes desempenhando até a função de centroavante, quando Thiago Ribeiro, o atual camisa 9, abre para o lado esquerdo do campo. Mas isso não significa que a produtividade vá cair quando Hernane se recuperar da lesão.

– Eu acredito que Deus tem me abençoado desde sempre. Muitos desconfiavam – sei que ainda tenho que mostrar muito para poder convencer a grande maioria -, mas eu pude fazer os gols e ajudar o Bahia. O posicionamento também ajuda muito, venho jogando mais próximo da área e isso me dá mais chance de finalizar. Mas o Hernane é um grande jogador e creio que, juntos, também poderemos ir bem, com gols. Ou com qualquer outro atacante, já que nosso elenco é muito bom – diz Edigar Junio.

A posição de centroavante não é estranha a Edigar Junio, que já teve oportunidade de atuar assim outras vezes na carreira. Entretanto, apesar do bom rendimento, o técnico Doriva descarta a possibilidade de centralizar o atleta no ataque tricolor.

– Edigar é um jogador de beirada. Ele gosta de jogar assim. Ele tem uma dinâmica que você pode utilizar por dentro. A gente tem feito isso com ele e com Thiago, e em alguns momentos eles alternam, justamente para ele se poupar um pouco mais, porque aquela função é desgastante. Thiago não está 100%, mas o Edigar, sim. Consegue manter o alto rendimento nos jogos – explica o treinador do Bahia.

Outra característica que agrada a Doriva é a versatilidade do seu camisa 11. No jogo que garantiu a classificação do Bahia à semifinal da Copa do Nordeste, contra o Fortaleza, o treinador, com um atleta a menos, precisou que Edigar atuasse pelo lado direito, na posição por onde joga Luisinho. Ele fechou a segunda linha de quatro no meio-campo, segurou algumas bolas importantes e tentou – sem sucesso – puxar alguns contra-ataques.

Por isso, e também pela capacidade de balançar as redes adversárias, o técnico tricolor coloca Edigar Junio em uma lista privilegiada no futebol brasileiro.

– No Brasil, você pode procurar os jogadores de beirada que são goleadores. Não é fácil. Tem poucos. O Edigar, se você listar dez nomes no futebol brasileiro que cumprem essa função e fazem gols, ele está entre os cinco melhores. É um jogador importante na tática da equipe, porque é aplicado, dedicado. E é um jogador importante, porque tem essa virtude de chegar na área e fazer gol que aumenta o poderio ofensivo da sua equipe – avalia Doriva.

LINHA DO TEMPO

O início da atual temporada, a melhor de Edigar Junio, é uma espécie de retomada na carreira, depois de um 2015 frustrante. As expectativas em torno do atacante cresceram após o bom desempenho no ano anterior, mas ele não conseguiu corresponder no Atlético-PR e foi emprestado novamente ao Joinville. Ao todo, foram 30 jogos no ano e apenas dois gols marcados, ambos na Série A.

Em 2013, com apenas 22 anos, o atacante fez uma temporada razoável pelo Joinville: foram 26 partidas, 22 como titular, e sete gols marcados, todos na Série B. Um ano antes, ele disputou 12 partidas (seis como titular) com a camisa do Atlético-PR e marcou dois gols na Copa do Brasil. Em 2011, Edigar Juino também disputou 12 jogos (quatro como titular) e marcou três gols no Campeonato Brasileiro.