jcA troca envolvendo Tiago Cardoso e Julio Cesar foi um dos assuntos que mais movimentaram o futebol pernambucano no fim do ano passado. Depois de seis temporadas vitoriosas pelo Santo Cruz, Tiago encerrou um ciclo e foi para o Náutico. Um dos líderes do Alvirrubro, com quase três anos de clube, Julio migrou para o Arruda. A mudança não causou confusão só na cabeça do torcedor, mas até na dos próprios jogadores.

– No começo, particularmente, foi bem difícil. Falando na gíria do futebol, a gente dá umas quebradas. Mas estou bem adaptado. Minha família teve oportunidade de ir ao estádio e, hoje, está bem tranquilo. É algo novo, mas faz parte da vida do atleta – disse Tiago Cardoso, agora atleta do Timbu.

A situação é parecida para Julio.

– Toda hora que ia falar, tinha que dar uma pensada. Você está acostumado com uma rotina, e, às vezes, ela te trai um pouquinho. A gente tinha que parar, pensar, mas, graças a Deus, já estou bem adaptado e me sentindo em casa.

Depois da mudança, um dos receios seria de como as torcidas os receberiam. Sair de um time para jogar em um rival do mesmo estado poderia causar um sentimento de rejeição. Não foi o que aconteceu.

– Não tive problemas com torcida, com nenhum torcedor. Sei dos prós e os contras, mas, a partir do momento que decidi vir para o Náutico, não vi torcedor do Santa Cruz me xingando, falando mal. Apenas agradecendo, dando apoio. Tive uma receptividade muito boa. Tirei fotos com torcedores na primeira partida que fui para a Arena (de Pernambuco). Só tenho a agradecer o carinho, tanto do Santa Cruz quanto do Náutico. – Afirmou Tiago.

Julio Cesar sabe que as brincadeiras dos torcedores são inevitáveis, mas que, com ele, respeito não faltou.

– As gozações sempre têm, mas deixo isso para o torcedor. Não gosto de entrar nesse mérito. Mas sempre me trataram com respeito. O torcedor do Náutico me respeitou na saída, entendeu como que foi feito. Desde que cheguei no Arruda, os torcedores me receberam muito bem. Em redes sociais também. Fiquei muito contente e agora é retribuir esse carinho e essa confiança. Sair de um rival para outro e não ser mal recebido significa que, tanto eu quanto o Tiago, tivemos respeito pelos clubes que passamos.
Com a vida nova, tudo mudou. A rotina dos arqueiros passou a ser outra. E o que todo mundo fala, Julio Cesar percebeu de cara: a grandeza da torcida.
– Não que o Náutico não tenha, mas o Santa Cruz é um time mais do povo. O torcedor é muito caloroso. Fizemos a pré-temporada em Olinda e todo dia tinha muitos torcedores. Teve um jogo-treino que tiveram que fechar os portões, porque os bombeiros não liberaram para entrar tanta torcida. É uma torcida muito apaixonada, que comparece bastante. Esse calor, para mim, está sendo muito importante.

Uma das lutas que o Santa Cruz trava é para ter um centro de treinamento próprio, detalhe que, para Tiago Cardoso, fez muita diferença.

– O Náutico tem um centro de treinamento, uma estrutura que o Santa está trabalhando para ter. É muito gostoso você chegar em um CT, é diferente. Eu me senti muito bem pela grandeza do Náutico. Quando eu, na pré-temporada, deitava no quarto e olhava o escudo do Náutico, via a grandeza. Os funcionários me receberam bem. É algo novo que eu estou gostando muito.

Em lados opostos, vêm as responsabilidades. Para Julio, substituir um dos ídolos do Tricolor vai ser a parte mais complicada.

– Eu estou substituindo um cara que fez seis anos de história, conquistou muitos títulos. Falei até que ninguém está vindo ao Santa Cruz para passear, porque temos uma responsabilidade grande de substituir os campeões do Nordeste e do Pernambucano. Os atuais. O trabalho vai ser que ser muito duro.

No Timbu, Tiago sabe que o passado do companheiro não foi de títulos, mas o respeito deixado pelo arqueiro no clube o motiva para trabalhar forte.

– Independente de o Julio ter conquistado títulos ou não, ele era uma referência no clube. Respeitado por funcionários, atletas e diretoria. O respeito que ele tem no Náutico é muito grande. Creio que esse respeito que ele conquistou no clube nos dá uma responsabilidade maior.

Fonte: Ge.com