PênaltiSe a partida do Náutico contra o Vitória da Conquista nesta quinta-feira, pela primeira fase da Copa do Brasil, repetir o placar de ida, terminar em 0 a 0 e for para os pênaltis, a torcida alvirrubra pode ficar tranquila.

Isso porque o goleiro Julio César de Souza Santos é um verdadeiro fenômeno na arte de pegar penalidades máximas. Nas últimas 11 cobranças, o ex-arqueiro do Corinthians defendeu seis, outras três foram para fora e apenas duas entraram em sua meta.

Campeão de absolutamente de tudo pelo time do Parque São Jorge (Libertadores, Mundial de Clubes, Brasileiro, Série B, Paulista, Copa do Brasil, Recopa e até Copa São Paulo) e marcado por ter sofrido o 100º gol de Rogério Ceni, em clássico contra o São Paulo, ele dá uma aula sobre o que os goleiros devem atentar quando o atacante for bater a penalidade.

“Graças a Deus quando tem pênalti eu tenho saldo bem positivo, isso é muito importante. O cobrador tem um jeito de correr e, se ele muda o jeito de correr, ele até muda o canto. Isso me faz ficar alerta”, ensina, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.

“Rola muita brincadeira com os amigos sobre o fato de eu ter pegado os pênaltis, mas o mais importante é sempre o próximo. Tenho mais confiança, mais responsabildade de pegar e isso ajuda bastante. A confiança só nos motiva ainda mais”, completa.

Mesmo nas cobranças em que o batedor chuta para fora, Julio Cesar diz que possui uma certa “culpa”.

“Ajuda um pouco (o retrospecto), o batedor sabe que eu pego pênalti e o cara pensa de uma forma que pode me ajudar. Ele pode querer bater do jeito dele ou sair da zona de segurança e acaba errando até o gol quando sabe que o goleiro pega”, analisa.

O ex-corintiano ainda afirma que um fator crucial para seu ótimo aproveitamento na marca da cal é seu extra-campo. O goleiro costuma assistir a vídeos de cobranças dos jogadores que vai enfrentar, para chegar preparado para os jogos.

“Além do treinamento que é muito importante, eu procuro estudar muito os batedores e como eles enquadram o corpo na hora da batida. Do jeito que ele arruma o corpo eu pulo convicto no canto que ele vai bater. E tem que sair antes. Esse negócio de esperar não dá tempo, de jeito nenhum”, diz.

E isso tem sido comum não só com Júlio, mas também com outros arqueiros no Brasil.

“Os goleiros têm pegado mais mesmo, não sei qual o segredo disso, mas acho que os goleiros estão mais especialistas e têm muito mais informações nos dias de hoje. Eles estudam mais e se preparam mais. É um dado importante, acredito que isso faça uma diferença”, opina.

Ídolo da torcida e um líderes do elenco do clube pernambucano, ele curte a boa fase e projeta novas conquistas no ano. “Sou muito identificado com o clube e a torcida, que me abraçou. estou aqui faz anos e perto de completar 100 jogos aqui. Sou muito agradecido ao pessoal. Espero ajudar o Náutico a ser campeão estadual e subir pra Série A do Brasileiro de novo”, disse.

Clássico inesquecível

Pela Copa São Paulo de Futebol Junior, ele eliminou nas penalidades o Coritiba nas quartas de final (pegou duas cobranças em 2004) e nas semifinais contra Atlético-MG (defendeu mais duas em 2005) na conquista do bicampeonato da competição.

O duelo que Júlio César não consegue se esquecer foi um clássico jogado contra o Palmeiras, maior rival do Corinthians. Em 2011, na semifinal do Campeonato Paulista contra o time alviverde, ele pegou a última cobrança na disputa que valeu a passagem à finalíssima contra o Santos.

“O jogo estava muito difícil no Pacaembu e ninguém errava os pênaltis de jeito nenhum, até que o João Vitor bateu e eu peguei, daí vencemos. Foi com certeza (o jogo mais importante da carreira) pela decisão, por ser contra o Palmeirs e um jogo que fui bem nos 90 minutos e conseguimos segurar um empate muito difícil. Foi um dos melhores jogos que fiz no Corinthians”, orgulha-se.

“Logo que acabou, eu sai correndo feito doido e subi no alambrado do estádio para comemorar com a torcida. Foi incrível. No vestiário, foi uma euforia, todos me deram parabéns e depois cheguei, todo aquele assédio na rua e foi diferente, foi muito especial”, completa.

Acabou com a graça do artilheiro

Em 2009, Corinthians e Atlético-MG já não jogavam por muita coisa no Campeonato Brasileiro, mas a partida era importante para um jogador em especial: Diego Tardelli.

O atacante estava empatado na artilharia do torneio com Adriano Imperador, então campeão com o Flamengo. Um pênalti poderia colocar o matador do “Galo” na primeira posição no quesito, mas à frente dele estava Julio César.

“O jogo estava 3 a 0 pra gente, já não valia muita coisa e teve pênalti pro Atlético. O Tardelli foi bater e eu peguei. Ele ficou bravo comigo porque queria ser artilheiro isolado, mas dai respondi que também precisava mostrar serviço já que era reserva, né? (risos)”, relata.