Gabriel Menino foi um dos garotos promovidos para 2020 no Palmeiras e desde os primeiros dias mostrou desenvoltura no elenco profissional. Titular em três das cinco rodadas no Campeonato Paulista, o meio-campista se apresentou na Academia de Futebol determinado a “fazer o diferente”.

Sempre que joga (são cinco partidas, contando a Florida Cup), o camisa 48 diz que precisa mostrar a Vanderlei Luxemburgo por que merece fazer parte de um dos principais elencos do Brasil, em vez de ser emprestado para ganhar rodagem ou voltar ao sub-20 – ele tem 19 anos de idade.

Depois de um início com grande destaque, Gabriel Menino foi reserva contra a Ponte Preta e trabalhou entre os reservas também na quinta, no treino tático pensando no Mirassol. Ainda assim, é o quinto palmeirense com mais desarmes (8) no Paulistão e o oitavo com mais passes certos (média de 41 por partida), de acordo com o Footstats.

Ao LANCE!, ele contou a importância de Paulo, seu pai e que chegou a tentar ser jogador de futebol. Além de ouvir lições sobre erros que podem minar sua carreira, o garoto palmeirense conta com mais um conselheiro, este no elenco: Willian. Ainda este ano, ele espera realizar sonhos: disputar a Libertadores e torneios nacionais com a camisa alviverde.

Confira a entrevista completa:

LANCE!: Depois de começar o ano no banco e chegar até a ser titular neste começo de Paulista, qual o balanço que faz do início como profissional?
Eu conversei muito com meus pais (Paulo e Silvana), com meu empresário, está tudo correndo tão rápido neste início da minha carreira. Nem eles esperavam. Meu pai e minha mãe choraram muito. Até eu fiquei emocionado na Florida Cup de chegar tão rápido e acontecerem as coisas na minha vida. Só tenho a agradecer tudo que está acontecendo. É evoluir cada vez mais.

Como foi a reação em casa quando comunicaram a promoção ao profissional, no fim do ano passado?
Desde que o Mano chegou, ele disse que iria nos aproveitar. O Luxemburgo disse o mesmo. Falamos na minha família. Ficar no profissional já era bom para a minha vida, ainda mais jogando. Era para aproveitar a oportunidade. Estou fazendo isso e aprendendo cada dia mais.

O Luxemburgo sempre elogia o potencial de vocês da base. O que ele disse a você antes da estreia como titular no Campeonato Paulista?
Ele falou para eu jogar como no segundo tempo da Florida Cup, para jogar solto, leve, parecendo que estava aqui há dois anos. A responsabilidade era dele de me colocar como titular. Eu só tenho que jogar, trabalhar, fazer o que sei de melhor.

Entre os jogadores, quem lhe ajudou mais nesta adaptação?
O Willian. Eu já estive aqui (na Academia de Futebol) quando quebrei o metatarso e ele estava comigo no DM, por conta do joelho (no ano passado). Ele me deu e ainda dá muito conselho, de futebol e da vida. É um cara que eu converso muito e me espelho nele.

O que o Willian disse que foi mais marcante?
Falou bastante coisa. Para dar o melhor aqui, porque a oportunidade que estamos tendo, poucos têm, de começar no Palmeiras, um clube grande. Ele não começou assim, teve de fazer teste no sub-23, foi para o profissional, fez dois jogos e depois foi para o banco. Até ele disse que as coisas para mim estão acontecendo rápido. Então é para eu aproveitar este momento.

Você subiu com Esteves, Patrick de Paula, Alan, Angulo e Wesley. O quanto ajuda ter tantos companheiros da base agora juntos no profissional?
Ajuda muito, a gente tem quem conversar mais próximo. Falamos com os outros, mas um perto do outro estamos mais soltos, somos amigos há três anos. Ajuda muito, um sabe o que o outro gosta ou não gosta.

Até quando um dos garotos joga menos do que o outro, vocês se dão apoio?
Sim. O Patrick fica no quarto comigo quando concentramos. A gente conversa muito, a oportunidade vai chegar, o Luxemburgo está vendo nosso trabalho, independente de estar jogando ou não. Tudo é treino. Se treinar bem, joga bem. Se treinar bem, a oportunidade vai chegar e ele vai se sair bem.

Uma das novidades do Palmeiras é ter um meio-campo mais leve, sem um jogador muito marcador. Você mesmo era segundo volante na base e tem jogado mais recuado no profissional. O estilo de jogo na base ajuda nisso?
O Wesley na base jogava com três meias. Eu, PK (Patrick de Paula) e Alan. A gente jogava muito para frente, e o Luxemburgo cobra isso. Tem horas de acalmar o jogo, e na base era muito para frente, muito corrido. O Luxemburgo me usar como primeiro volante ajudou, eu tenho a facilidade ficar e estou me adaptando a esta função.

Como você trabalha para jogar sem medo de errar, mesmo recém-promovido ao profissional?

Chegar aqui é difícil, quando chegar preciso dar meu melhor. Se mostrar o que ele (Luxemburgo) já está acostumado a ver, vai me emprestar, me deixar mais um ano no sub-20. Então coloquei na cabeça de que tinha de fazer algo diferente. Estou fazendo e vou continuar fazendo. Tenho muito que aprender ainda, mas o jogo para frente é o jogo mais bonito, com posse de bola e isto me ajuda muito a ter uma sequência no profissional.

De que forma você desenvolveu a capacidade de chutar com as duas pernas?
Eu treino muito desde pequeno, meu pai cobrava que não adianta um jogador ter só uma perna e com a outra não fazer nada. Ele ia no campo comigo e fazia bater com as duas. Enquanto não acertasse o cone ele não me deixava sair.

Você já pensa na possibilidade de jogar uma Libertadores?
Claro que jogar a Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil pelo profissional é um sonho e se Deus quiser vou jogar, mas estou focado nos jogos que temos agora pela frente.

Por enquanto, você e os garotos estão usando uma numeração alta, mas na Libertadores as camisas vão de 1 a 30. Vocês já pensaram em qual número podem pegar na competição?
Não sabia disso (risos), mas questão de número não sou muito apegado não.

Qual a importância do seu pai, um ex-atleta, neste início de carreira?
Ele passou em times do interior, perto da minha cidade. É uma pessoa que me aconselha muito, para correr atrás. Ele errou muito e se arrepende até hoje, de que não vai deixar seguir o mesmo caminho, porque eu vou me arrepender. Estava tudo para ser um grande jogador de futebol, mas ele desistiu e jogou tudo no lixo.

Seu pai jogava em qual posição e como ele reage vendo você em campo pelo Palmeiras?
Ele era zagueiro, hoje ele conversa muito comigo. No fim de ano joga meus amigos contra os dele e eu deito nele, claro (risos). Às vezes ele até chora… ele se arrepende muito de ter largado aquela vida.

O que seu pai diz para não repetir de erros?
Ele pede tomar cuidado com a vida, que é traiçoeira com a gente. Você tem amigo, mas às vezes você vira a cara e ele está falando mal de você. Para prestar atenção onde estiver e que ele vai estar ali para ajudar, um cara experiente para eu crescer cada dia mais.

Fonte: Lance!