01_27_2016 1No meio de um time recheado de craques sul-americanos, Jucilei pode passar despercebido. Aos lado de Diego Tardelli, Montillo, Aloísio e Gil, o volante de 28 anos aparece como uma espécie de talismã de Mano Menezes, no Shandong Luneng, da China. Ele chegou à equipe em 2015, quando o treinador ainda era Cuca, e desde o início da atual temporada revive parceria com o técnico por quem foi comandando quando jogou no Corinthians, em 2009, e até na Seleção, por um curto período, em 2010.
A Superliga Chinesa limita o número de estrangeiros em cada time a três, com uma quarta vaga destinada a jogadores asiáticos, então Jucilei aproveita seu passaporte palestino para esta última, e tem lugar fixo no time titular. Gil e Montillo ocupam duas das outras vagas, enquanto que Diego Tardelli e Aloísio se alternam no comando de ataque. O passaporte foi requerido quando ele ainda atuava no Al Jazira, dos Emirados Árabes, em 2014, com o mesmo objetivo, já que os campeonatos têm regras similares.
O jogador também atuou pelo Anzhi Makhachkala, da Rússia, antes de chegar ao Shandong. Por isso, com passagens pelos mundos árabe, russo e chinês, pode ser considerado um “especialista” em mercados alternativos. E essa experiência, cada vez mais, facilita em seu processo adaptação em cada país que chega.
– A gente vem de uma infância difícil. Então, eu acho que adaptação fica muito mais fácil. Pelas dificuldades que já passamos na vida, tudo mais. São culturas muito diferentes da nossa. Estão isso pega um pouco. A língua e a comida fazem muita diferença. O cara tem que estar focado naquilo que quer, fazer o pé de meia e enfrentar as dificuldades. Se não estiver, fica um ano e quer embora. – diz o atleta, em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.
E Jucilei passou muito longe de ficar um ano e querer ir embora. Rodando por mercados alternativos desde 2011, o volante diz que ainda quer ficar mais três temporadas fora até voltar ao Brasil. Ele também conta quais foram as maiores dificuldades enfrentadas em cada país. Na Rússia, sofreu com o frio; nos Emirados Árabes, com o calor. Hoje, na China, o problema é mais profundo: a solidão.
– Os Emirados Árabes são um Brasil mais quente. Tem praia, restaurantes bons, uma vida muito confortável. Na Rússia, quando é época de frio, você não pode ir para rua, e acaba ficando mais dentro de casa. A China é mais complicado. Moro no Jinan (capital de Shandong), dentro do CT, onde tem uns apartamentos para os jogadores. Vivo aqui dentro. Minha rotina aqui é treino e casa, jogo e casa. Não tenho muitas opções em relação a mudar. Mas a gente vai se adaptando – conta.
Jucilei explica que, por questões escolares, teve que deixar os três filhos no Brasil junto com a esposa, Camila. Sem a família para dividir as experiências vividas no país pessoalmente, o jogador se apoia nas resenhas com seus companheiros sul-americanos, além da comissão técnica repleta de brasileiros. Ele afirma, no entanto, que a “panela” só existe fora de campo: dentro dele, o trabalho em equipe é primordial. O volante diz que os estrangeiros não se procuram no gramado, e que a bola é tocada sempre para quem está em melhor posição, e não para quem se conhece melhor.
– Aqui é tudo tranquilo. Já tinha trabalhado com o Tardelli, Mano, Aloísio. Aqui a relação é muito boa, de brasileiros com chineses. O time é bem fechado – afirma.
E essa ética de trabalho deu muito certo em sua primeira temporada na equipe, quando o Shandong Luneng terminou em terceiro na Superliga Chinesa, se classificando para a Liga dos Campeões da Ásia deste ano, em que ocupam a segunda colocação do grupo F, já classificados para a fase final da competição.
– Estamos bem na Liga, conseguimos a classificação antecipada, o que era um dos nossos objetivos, e agora é seguir trabalhando firme para entrar bem no mata-mata. Sabemos da importância dessa competição e do quanto é difícil de conquistar – analisa.

Fonte: Globoesporte.com