Ver um jogador brasileiro atravessando as fronteiras do Brasil para se aventurar nos países vizinhos da América do Sul já não é algo muito comum. Um treinador então… Mas Tiago Nunes fez esse movimento consciente. Campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil pelo Athletico, o técnico enxergou uma oportunidade onde outros veem um “esconderijo”. Queria “sair da zona de conforto” e assumiu o Sporting Cristal, do Peru, de peito aberto para os desafios (e para as dificuldades de comunicação em outro idioma). Diz ele que ainda não foi chamado de “louco”, mas brinca:
— De treinador, de médico e de louco todo mundo tem um pouco (risos).
No passado, houve outros brasileiros que combateram a suposta “loucura”, como por exemplo Didi, o “folha seca”. O craque que virou treinador após se aposentar fez sucesso no país, foi campeão com o Sporting Cristal e depois levou o Peru a sua melhor campanha em Copas do Mundo em 1970. Tiago está só há três meses no futebol peruano, mas já conseguiu um feito: pela primeira vez o clube passou pela pré-Libertadores. Só que depois o sorteio tratou de o colocar no “grupo da morte”, ao lado de Fluminense, River Plate, da Argentina, e The Strongest e seus temidos 3.625m de altitude na Bolívia.
— Papai do céu deve ter algum plano para nós guardado (risos). Um grupo da morte, mas ao mesmo tempo oportunidade. Se conseguirmos classificar…
Tiago Nunes levou o sonho da Libertadores ao Sporting Cristal — Foto: Thiago Lima
Tiago Nunes recebeu o ge na última segunda-feira para uma entrevista no Estádio Nacional de Lima, onde o Sporting Cristal estreia na fase de grupos da Libertadores nesta quarta, às 21h30 (de Brasília), contra o Fluminense, apontado por ele como o melhor time do Brasil ao lado do Palmeiras atualmente. E que tem uma folha salarial cerca de oito vezes maior que a sua.
— Não tenho dúvida que o Fluminense é o favorito. Não estou falando da boca para fora.
Durante 35 minutos de entrevista, Tiago abriu o mercado peruano para mais jogadores brasileiros e falou ainda sobre a “rivalidade” que pintam entre ele e Fernando Diniz, a passagem pelo Corinthians e prometeu um dia voltar ao Athletico, clube do qual é torcedor.
Tiago Nunes no Sporting Cristal — Foto: Divulgação / Sporting Cristal
Confira a entrevista na íntegra:
ge: um jogador brasileiro nos mercados vizinhos já não é muito comum, quanto mais treinador. Como sua vida tomou esse caminho?
Tiago Nunes: — Foi um projeto construído passo a passo. Vinha semeando isso há um bom tempo. Vinha falando inclusive para alguns meios do meu interesse em sair do Brasil, mas para um mercado que pudesse me oportunizar outras portas esportivamente falando. Surgiram outros contatos, na Colômbia, na América do Norte, no México… Mas não casaram os tempos. No ano passado, o Sporting Cristal trocou o treinador, já sabiam do meu interesse de sair do Brasil e me procuraram com um projeto a longo prazo. Uma equipe que briga para ser campeã nacional, que disputa competições internacionais, todos os atrativos. Estou desfrutando ao máximo essa oportunidade.
— É tentar ter o máximo de resultado esportivo, deixar uma imagem de um profissional brasileiro que veio para cá. Que depois da minha vinda, possam vir outros treinadores brasileiros, outros tipos de comissão técnica, e também jogadores. Tinha tempo que não vinham jogadores brasileiros aqui, trouxe dois (o atacante Brenner, ex-Botafogo, e o zagueiro Ignácio, ex-Bahia). Geralmente só vinham jogadores argentinos, uruguaios… Estamos abrindo portas.
O que pesou para a escolha pelo Sporting Cristal?
— O último treinador que passou pelo Sporting Cristal teve três anos. É difícil encontrar isso em nível mundial. Me passou uma mensagem clara que queriam dar sequência. Trazer outra experiência. Eles têm muito o futebol brasileiro como referência, de alto nível. Houve um casamento bom, estamos alinhados, querendo ser campeões, demonstrar valor…
Chamaram você de louco?
— De louco não. Mas de treinador, de médico e de louco todo mundo tem um pouco (risos). Perguntaram o que vim fazer aqui. Um treinador que teve a oportunidade de ser campeão sul-americano, da Copa do Brasil, estadual, que tem mercado no cenário brasileiro na Primeira e Segunda Divisão, como é o meu caso… Perguntam, mas eu queria sair da zona de conforto.
— Eu saí do Athletico porque queria sair da zona de conforto. Era uma oportunidade de mudar a vida em vários aspectos, financeiro, material… Agora é também sair da zona de conforto. O treinador brasileiro precisa buscar um espaço, estou tentando me provar, adquirir mais experiência. Aqui consigo disputar com treinadores peruanos, argentinos, uruguaios… Disputar uma pré-Libertadores. Estou tentando tirar o máximo disso.
Teve um técnico brasileiro que fez história tanto no Sporting Cristal quanto na seleção peruana na Copa de 1970. Sabia disso?
— O Didi? Sabia, tinha essa informação. O Paulo Autuori também treinou aqui, tanto o Sporting Cristal quanto o Alianza, depois dirigiu a seleção peruana também. O Renê Weber, Carbone… O Cristal sempre foi um bom celeiro de brasileiros, tomara que eu consiga manter essa sequência.
E está falando bem espanhol?
— Um poquito (risos). Falo mais portunhol do que espanhol. Creio que compreendo bem, de forma geral as pessoas me compreendem. Principalmente quando estou com raiva (risos).
Já teve alguma dificuldade na comunicação com os jogadores pelo idioma?
— Já. Porque a comunicação na verdade não é o que eu falo, é o que o outro entende. Então muitas vezes estou falando com os caras e falta vocabulário. E tento falar portunhol… Eu percebo quando os caras não entendem, né? Por exemplo, fui colocar um jogador em um jogo e falei: “Vai entrar pela direita, fazer a cobertura do lateral”. Aí o cara entrou de lateral-direito. Mas era para ser um meio-campista pela direita, tive que consertar dentro do campo, chamar o cara e explicar de novo. Mas no final o futebol é uma comunicação universal. Claro que tem umas palavras que às vezes se confundem, os caras dão risada, tem umas que não posso falar agora (risos).
Você disse que está abrindo portas também para jogadores brasileiros e já levou dois (o atacante Brenner, ex-Botafogo, e o zagueiro Ignácio, ex-Bahia). Mas é difícil convencer os caras a aceitar?
— Tive dificuldade no início pela grana. Aqui o investimento é mais baixo. Para trazer alguém da Primeira Divisão do Brasil, tem que ter um investimento muito mais alto. De forma geral, o jogador brasileiro não enxerga essa oportunidade aqui porque entende que jogar na Primeira Divisão do Brasil abre mais possibilidades para ele do que vir para cá. Os caras que estão aqui comigo estão percebendo que não, que vão jogar Libertadores, brigar para ser campeão nacional, eles entram em um ciclo de mercado onde Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador, México, Estados Unidos…
— Esses países passam a enxergar esses jogadores de uma forma diferente. Às vezes o mercado sul-americano tem medo de investir em jogador brasileiro não é só pela grana, mas por achar que o cara não se adapta. Então isso tem sido favorável, trazer esses caras. E vem também o representante do jogador brasileiro, gera comunicação com dirigentes daqui e começa a abrir outras portas para outros jogadores. Tomara que isso aí se torne mais frequente a cada dia.
Depois de três meses, quais são suas primeiras impressões do futebol peruano? É um jogo mais técnico ou físico?
— Mais técnico. Historicamente o jogador peruano tem boa qualidade técnica com a bola. Eles sofrem um pouco aqui na parte física, não é um jogo de alta intensidade, não são jogadores de estrutura muito forte, então não tem cultura do trabalho de força. E a parte que eles têm aqui no cenário do Campeonato Peruano é certa dificuldade de ter um jogo intenso. Por exemplo: durante um ano, jogamos oito jogos em altitude, mais de 3.000 metros, então é um jogo lento.
— Os jogos que são no Norte do país são de muito calor perto do Equador, e os times colocam os jogos às 11h da manhã ou 14h da tarde, então joga com 40º graus. Também são jogos lentos. Então de forma geral o peruano está acostumado a jogar de forma cadenciada, e aí quando vai competir internacionalmente é como se estivesse em outra rotação. Dirigindo um carro a 60 km/h aqui e do dia para a noite tem que dirigir a 120 km/h. Isso tem uma diferença grande, sente muito o aspecto físico.
Qual o tamanho da desvantagem financeira para brasileiros e argentinos?
— É muito grande, é um abismo de diferença. Não sei se dá para colocar em percentual isso, mas é como se Brasil fosse 100% e aqui 30%. Uma escala muito, muito diferente. Colômbia também paga melhor, Equador… Estão muito distantes desse patamar financeiro.
A folha do Sporting Cristal gira em torno de quanto?
— Diria que a folha mensal deve girar em torno de US$ 200 mil dólares, vai para R$ 1 milhão e pouco.
Com essa desvantagem financeira, você chegou com qual expectativa do clube na pré-Libertadores? Se sentiria ameaçado no cargo se não tivesse conseguido chegar à fase de grupos?
— Perder emprego nunca. Inclusive quando vim eu estava correndo risco, sabia que iria jogar a pré-Libertadores. Podia ter perdido no primeiro mata-mata e ficar sem nada. A nível da direção, se tivéssemos entrado na Sul-Americana já teríamos alcançado o primeiro objetivo. É a primeira vez que o Sporting Cristal consegue sair da pré e chegar na fase de grupos, e a segunda vez apenas no futebol peruano. Então não é algo fácil para o futebol peruano, e conseguimos esse primeiro objetivo. Mas não tinha nenhum risco de perder o emprego, para eles está muito claro que minha presença aqui é para iniciar e terminar a temporada. Sempre deixaram muito claro para mim, e eu tenho sentido de maneiro verdadeira isso.
Mas aí vocês caem no considerado “grupo da morte” no sorteio…
— Papai do céu deve ter algum plano para nós guardado (risos). Não pode nos colocar em um grupo tão difícil, ainda mais que chegamos pela pré-Libertadores em jogos muito difíceis. E agora Papai do céu nos coloca nesse grupo. Deve ter algo guardado, um plano divino, quem sabe?
E teve a chance de pegar o Athletico também no sorteio…
— Torci muito para não encontrar o Athletico. Primeiro porque é um timaço, todo mundo sabe a dificuldade de jogar lá na Arena. O Athletico é muito respeitado na América do Sul. E tem essa pontinha de coração. Se jogar contra, os caras vão ser hostis comigo e quero cultivar esse sentimento bom. Vamos encontrar o Fluminense, que é um timaço, no momento é um dos melhores do Brasil. River Plate que dispensa apresentações, a altitude na Bolívia, um grupo da morte, mas ao mesmo tempo oportunidade. Se conseguirmos classificar…
E essa estreia contra o Fluminense, que você classificou como o melhor time do Brasil junto do Palmeiras?
— Não tenho dúvida que o Fluminense é o favorito. Não estou falando da boca para fora. É só ver o contexto competitivo do Fluminense, os jogadores que tem. A nossa equipe é competitiva, mas faz 18 anos que o Sporting Cristal não passa para as oitavas, faz muitos anos que uma equipe peruana não faz sucesso internacional. Nesse momento temos um grupo jovem, muitos que vão jogar a Libertadores pela primeira vez.
— O que nos dá confiança é a pré-Libertadores. Sabemos das dificuldades que vamos enfrentar agora, mas temos que surpreender. Temos o fator local, um nível de confiança muito inspirado para as coisas darem certo. Temos que pensar jogo a jogo, se ganharmos o Fluminense, ganhamos o respiro para o próximo jogo. Temos que quebrar uma barreira, algo que não acontece há muito tempo.
Teremos casa cheia quarta-feira?
— Acho que sim. Creio que teremos em torno de 40 mil pessoas, torcida está feliz, com confiança, empolgada. Tomara que a gente possa retribuir com um bom jogo.
O Sporting Cristal já foi finalista da Libertadores uma vez em 1997, mas perdeu a final para o Cruzeiro. Como é a relação da torcida com esse torneio? A do Fluminense, por exemplo, que também chegou uma vez à final em 2008 tem obsessão por esse torneio. Existe isso aqui também?
— Total. A torcida aqui vive em função da Libertadores. Porque eles tiveram esse gostinho de chegar à final em 97 contra o Cruzeiro e jogaram bem, podiam ter ganhado, fizeram para isso. Inclusive tinha um brasileiro no time, o Julinho, que hoje é um brasileiro-peruano que vive aqui há muito tempo. E a cada temporada se percebe que os caras só falam de Libertadores porque chegaram na final. Está há 18 anos sem conseguir passar para as oitavas, então a cada ano se acumula cada vez mais. Esse time de 97 foi um time histórico para eles, foi tricampeão nacional e conseguiu chegar na final. Os caras são tratados como ídolos e serão até alguém conseguir superá-los.
Viu o primeiro jogo da final do Campeonato Carioca?
— Vi, lógico que vi. Primeiro que é um partidaço, muita qualidade envolvida. E segundo, que tinha esse interesse direto por ser nosso próximo adversário.
Vítor Pereira mostrou algo que você pode explorar quarta-feira?
— Eu penso que no primeiro tempo o Fluminense era para ter ganhado o jogo. Mesmo com a estrutura tática que o Vitor montou com três zagueiros, o Fluminense teve no mínimo três situações claríssimas de gol. Se faz, mudava todo o contexto da partida. O que acontece é que na segunda parte, quem tem no banco Filipe Luís, Gabigol, Everton Ribeiro e Vidal, fica mais fácil, né? Coloca esses quatro craques para entrar fica um pouco de covardia. Por mais que o modelo seja bom, são jogadores de muita qualidade.
— Sem falar que o Fluminense ficou com um a menos. Teve o lance polêmico do Léo Pereira que talvez fosse para vermelho. Então acho que o Fluminense fez um jogo para ganhar do Flamengo, mas no final o contexto acabou favorecendo o Flamengo. Mas são jogos totalmente diferentes, até porque eu não tenho a qualidade que tem o Flamengo.
Você volta a enfrentar o Fernando Diniz. Quem tem levado a melhor nesses duelos?
— Acho que está empate. Ele dirigiu o Fluminense em 2019, eu estava no Athletico e nós vencemos por 3 a 0. Depois eu estava no Corinthians e ele no São Paulo, a gente se enfrentou duas vezes: empatamos uma, e ele ganhou a outra. E depois ele no Santos e eu no Grêmio empatamos também. Então está uma vitória para cada um e dois empates.
Você teve algum problema com o Fernando Diniz no Athletico?
– Não, pelo amor de Deus. O que acontece é que a opinião pública cria rivalidades que não existem. Vivemos de heróis e vilões. Quando o Fernando Diniz saiu, o Athletico não estava em uma posição boa no Brasileiro. Eu assumo e a gente passa a ganhar. A partir do momento que começamos a ganhar os jogos, a Sul-Americana, uma parte da opinião pública diz que ganhamos pelo trabalho que o Fernando fez. Outra parte diz que ganhamos pela saída do Fernando. Isso é uma grande bobagem. Todo trabalho é uma continuidade. Então, o meu trabalho é uma continuidade do Fernando. Assim como alguns treinadores são emblemáticos.
— Eu não ouço ninguém falar que quando o Jorge Jesus assumiu o Flamengo havia um trabalho prévio do Abel (Braga), que era campeão. Não ouço ninguém falar que quando o Abel Ferreira assume o Palmeiras havia o trabalho prévio do Luxemburgo, campeão paulista, que havia colocado muitos jovens. Muitas vezes querem gerar rivalidades que não existem. Eu no Athletico sempre deixei claro que o Fernando tinha um papel muito importante, assim como o Paulo Autuori, como o Fabiano Soares, o Eduardo Baptista, e eu tive a oportunidade de ver o trabalho. plantaram uma semente.
— Depois eu perdi o contato com o Fernando, a gente não conversou mais. Mas não houve nada. Talvez a opinião pública tenha criado, mas nunca houve nada. Muito respeito, o Fernando é um dos maiores treinadores do futebol brasileiro. Identidade, tem um modelo de jogo próprio. E eu nunca escutei publicamente ele falando que o modelo de jogo dele é o melhor. Mas sempre existe uma necessidade de ter uma comparação. O modelo do Fernando é diferente do Guardiola, que é diferente do Klopp, que é diferente do Abel Ferreira, que é diferente do Tiago Nunes. Existem muitas formas de ganhar e de perder. Como se avalia isso gera todo um contexto.}
Mas como era a relação de vocês no Athletico?
— Era uma relação de comunicação diária, eu acompanhava os treinamentos do Fernando, e ele acompanhava alguns nossos. A gente trocava muita ideia. Eu perguntava muito para entender o modelo de jogo dele, tentar implementar algumas coisas na equipe sub-23, mas ele sempre foi muito legal comigo e me deu total autonomia para gerenciar o sub-23 da maneira que eu quisesse. Essa foi a parte mais legal de trabalhar com ele. A gente teve uma relação muito boa quando trabalhamos juntos.
Teve alguma característica do Diniz que você pegou para o seu modelo de jogo?
— Várias. Principalmente essa questão de pensar fora da caixa, no sentido de olhar menos para o número da camisa e mais para a característica individual do jogador. Às vezes a gente é levado a olhar para o lateral ser lateral a vida toda. Aí pensa na característica técnica e emocional do jogador, se poderia se adequar a outra posição por exemplo. Ou um atacante. Lembro que ele falava muito disso: existem jogadores de ataque, ou meias mais ofensivos, que têm poucos gols e vivem com a pressão de fazer mais.
— E às vezes esse cara não é artilheiro nato, talvez se jogar mais atrás, com uma responsabilidade um pouco mais defensiva, sendo mais um organizador com menos responsabilidade de fazer gol, vai fazer esse cara crescer. Por isso vemos jogadores ofensivos com Diniz jogando em uma fase inicial de jogo, como volante, e se dão muito bem. Isso de pensar fora da caixa eu captei um pouco dele de tentar trazer para o meu jogo.
Como avalia sua carreira até agora, desde o destaque no Athletico?
— Mesmo as dificuldades que passei de não ter os resultados no Corinthians, ter a pressão externa, o impacto de trabalhar em um clube assim, me gerou aprendizado. Quando vai para clubes desse tamanho, o resultado tem que ser imediato, ninguém fala em projeto. Até te vendem a ideia de projeto, mas esse idealismo eu não tenho mais. Eu tenho o realismo que é conseguir resultados imediatos. Não tem tempo para implementar ideia, é resultado imediato. Foram experiências importantes para a minha carreira, foram muito boas. Foram doídas, difíceis, até hoje me julgam esportivamente por isso.
— Fui muito bem no Athletico, depois fui vice-campeão estadual com o Corinthians, ganhei o Gaúcho com o Grêmio… A imagem que fica foi que os resultados não foram bons. O que eu posso fazer é influenciar no meu momento atual. Fazer o possível para dar o máximo para o clube que me deu a oportunidade, para ser lembrado novamente com carinho nesses grandes clubes. Ser lembrado pelo que passei no Athletico, esse carinho que está presente até hoje. Tenho 43 anos, muita trajetória, muita carreira pela frente. Sou contra rótulos, por um, dois ou três anos de carreira. Quero ser rotulado com 70 anos, falarem: “O trabalho do Thiago foi assim”. Mas, mesmo com as dificuldades, acredito que estou em uma crescente.
Assiste aos vídeos da sua época no Athletico?
— Mentalmente, sim. Mas vídeos, não. O que passou, passou. É guardar no coração todos esses momentos que foram lindos, foram únicos. Não me deixo influenciar, sei que o preço que temos que pagar é agora. Eu sou atleticano. Não tenho como dizer que não. Tive alguns convites para trabalhar no rival. Agradeci. Nunca posso dizer nunca, o futebol nos propicia um futuro incerto. Mas a relação com o Athletico é única, moro em Curitiba por causa do Athletico.
Vai torcer para o Athletico contra o Alianza Lima?
— Claro que sim, com toda a força. Não contra o Alianza, a favor do Athletico. É difícil porque ao mesmo tempo estou no futebol peruano, e para o futebol peruano é importante que o Alianza ganhe. Mas se tratando de Athletico aí converge.
Vai voltar algum dia ao Athletico?
— Meu coração diz que sim. Não dá para mensurar tempo.
Fonte: GE