Meia, camisa 10 e capitão na base. Normalmente, essa é a descrição de uma joia com grande futuro. No caso de Vitinho, do Corinthians, a expectativa é alta mesmo.
Tão alta que, após quatro Copas São Paulo de Futebol Jr., o torcedor corintiano já pega no pé do garoto que apareceu cedo, para que ele se destaque no profissional logo: 2020 é o último ano em que o meia pode atuar pela equipe Sub-20.
Foi em 2016 que primeiro se ouviu o nome de Victor Moura, o Vitinho, ainda como um prospecto rodeado por muita expectativa. Cria do Corinthians, esteve muito próximo de se acertar com o Manchester City na época.
Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, o meia, que herdou do pai a idolatria por Marcelinho Carioca, revelou bastidores dessa negociação e sua expectativa de subir ao profissional.
Trabalho de Leiria x Coelho
Em 2020, Vitinho é o nome do meio-campo do Corinthians, depois de anos tentando buscar seu espaço. É o garoto da categoria com mais tempo de casa e de atuação no sub-20. Não à toa, recebeu a braçadeira de capitão de Dyego Coelho e a manteve com Carlos Leiria – interino que assumiu a equipe enquanto o treinador comandava o time profissional, e que segue hoje como auxiliar.
“O Coelho fez toda a preparação. Leiria chegou há dois ou três dias da estreia. Quem havia montado o esquema de 3 zagueiros foi o Coelho. Ele não mudou a formação tática, mas a qualidade dos meninos que subiram (do sub-17), como Belezi e Matheus Araújo ajudou muito.”
Embora Coelho tenha se queimado com o torcedor do Corinthians, que pediu nas redes sociais para que o Sub-20 se mantivesse sob a batuta de Leiria, Vitinho fez questão de exaltar o trabalho dos dois:
“Cada treinador é diferente. O Coelho tem o jeito mais rigoroso, exigente, e o Leiria mais paizão. Ele nos ajudou muito. Os dois são muito inteligentes. Então, quando o Coelho assumiu o profissional, não houve problema para nos entendermos. Os dois têm uma característica muito igual de jogo, de ter a posse e ser agressivo com ela. Tanto que Leiria entregou o time na primeira colocação do campeonato”, disse.
Corinthians desde pequeno
Casos como o de Roni, volante que também chegou ao Corinthians com 6 anos e em agosto fez sua estreia (com gol) nos profissionais, são raros no clube. Vitinho, como seu ex-companheiro de base, Roni, é um desses.
“Comecei a jogar bola com 5 anos na escolinha do Corinthians. Meu treinador me levou para fazer o teste lá no Parque São Jorge. Passei e comecei a jogar futsal no clube. Fui para o campo aos 10 anos, quando tinha a escolha de jogar salão e campo. Assim foi até os 13 anos. Minha vida inteira foi no Corinthians, 15 anos”, disse.
Para aqueles torcedores que ainda não conhecem o jovem, Vitinho se apresentou:
“Gosto de jogar solto. Estar jogando é importante para mim. Bom passe, leitura de jogo, ser o meia que parte pra cima e deixa os companheiros na cara de gol. Ali na frente, meia, ponta, eu faço toda as posições”, afirma.
Expectativa e negociação fracassada com Manchester City
Aos 16 anos, Vitinho quase teve sua passagem pelo Corinthians interrompida. De olho em jovens sul-americanos, o Manchester City convocou o meia para período de treinos na Inglaterra e fez uma proposta oficial pela sua permanência.
“Foi um período de treinos que me ajudou bastante. Experiência incrível. Na época, optei por ficar no Corinthians, junto à minha família. Foi uma decisão conjunta com meus empresários. “
O imbróglio e o bom futebol geraram expectativas na torcida do Corinthians, que via um menino de pouco mais de 16 anos entre jogadores mais experientes.
“Subir cedo não interfere em nada. No futebol, quanto mais jovem você se destacar mais tem que estar entre os mais velhos. Claro, tive dificuldades no 20 (sub-20), pelo físico, por não estar tão amadurecido. Mas, com o passar dos anos, eu peguei isso pra mim e conquistei. Estou mais pronto agora. É o último ano, então preciso estar pronto. Sofri dificuldades por ter subido com 16 anos e jogar com meninos de 19, 20″, conta.
O jovem não foi aproveitado no profissional por nenhum dos seis técnicos que passaram desde então, mas evoluiu dentro da categoria, tornando-se referência. Mesmo assim, a torcida passou a cobrar dele um melhor desempenho.
“Pressão é natural a partir do momento que se veste a camisa do Corinthians. Estou mais experiente, cascudo, e isso para mim não importa. Minha hora vai chegar e preciso estar preparado.“
Mesmo vivendo a indefinição sobre a permanência no clube e em qual categoria vai jogar (pode subir ao Sub-23), Vitinho mandou recado:
“Meu maior sonho desde pequeno sempre foi jogar no Corinthians. Disputar uma Libertadores, ser campeão, fazer história e deixar meu nome registrado para Fiel. Já fui torcedor de organizada e sei muito o que eles são”, diz.
O Corinthians Sub-20 entra em campo nesta terça-feira, às 15h30, contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro.
Fonte: ESPN