Neste ano, alguns atletas puderam voltar para casa depois de muito tempo. Com o acesso do CSA ao Brasileirão, jogadores como Pedrinho (Corinthians), Marinho (Santos), Luan (Atlético-MG), Gilberto e Elber (Bahia) reencontraram um carinho que não sentiam há algum tempo.
Sem nunca ter jogado por times alagoanos, Elber teve a oportunidade de retornar ao estado no último fim de semana. O jogo foi vencido pelo Bahia, teve gol do também alagoano Gilberto e o CSA foi virtualmente rebaixado. Se dentro de campo Elber tinha um amigo, na arquibancada estava toda uma torcida.
“Esse jogo foi especial, minha família e meus amigos estavam lá, daí passa um filme na cabeça. Eu sou de uma cidade no interior com 13 mil habitantes, quando no tempo em que eu ainda vivia lá e era criança, com tantas dificuldades, eu não imaginaria estar em campo profissionalmente na frente dos meus pais, no meu estado, representando um clube do tamanho do Bahia”.
Elber conta que morava em uma casa de taipa e jogava bola nos campos de terra de Passo de Camaragibe, um interior alagoano, quando era criança. Lá, as pessoas comentavam que ele tinha talento porque já estava no meio dos adultos – “E era difícil me pegar”, complementa o jogador.
Aos 11 anos, ele participou de uma peneira e foi aprovado. Foi morar na Bahia, atuando por um time chamado Real Salvador, depois foi para a base do Bahia. Não demorou muito para que chamasse mais atenção e chegasse no Itaúna, no interior de Minas. Consagrou-se no Cruzeiro, primeiro time que atuou como profissional. No Bahia, já chegou aos 100 jogos e está sendo importante na reta final da Série A.
Sair de casa, para Elber, foi um desafio que só deu para perceber a dificuldade muito tempo depois. “Na época eu não sentia tanto, saí de um lugar muito humilde. Eu não conhecia nada fora daquilo ali. Fiquei em alojamentos, mas para mim naquele tempo era normal a pouca estrutura e eu estava tendo a oportunidade da minha vida. Então, por mais simples e difíceis que fossem as condições, era a realização de um sonho e os clubes faziam tudo dentro da possibilidade deles para nos oferecer o melhor que podiam”, contou.
No Bahia, a amizade com Gilberto também é uma lembrança de casa. Os dois são alagoanos, mas de regiões diferentes. “Gilberto é um irmão… Falamos sempre de Alagoas, nos encontramos sempre, estamos até combinando de ele ir a minha cidade nas férias. Lembramos da comida, dos lugares, das coisas da infância lá, das gírias… Eu gosto muito de estar na minha cidade e sinto falta sim, principalmente de estar com a família”, disse Elber.
O orgulho de jogar pelo Bahia
Não é segredo que o Bahia é o time que mais está engajado em ações sociais no Brasil. No início do ano, o Yahoo Esportes conversou com a equipe que faz as mídias do time e compreendeu que a intenção é conscientizar através do esporte. O objetivo está sendo alcançado. Para os jogadores, é gratificante jogar em um time tão disposto.
“Fazem valer o bordão de que não é só futebol. Eu espero que isso um dia seja hábito em todos os clubes, a visibilidade mundial que o futebol traz para o nosso país precisa ser usada para essas coisas. O Bahia está sendo gigante dando esse exemplo”.
Esse sentimento também se mistura a gratidão. Elber diz com orgulho que a história dele no Bahia está sendo bem construída e fica feliz em estar ajudando o time nesse momento do Brasileirão.
“Esses 100 jogos, acho que pela estatística em minutos por jogo, deve ser o clube em que mais joguei e em menos tempo. Hoje eu me sinto valorizado e só tenho que agradecer por ter a oportunidade de fazer parte da história do Bahia. Eu estou feliz. No aspecto coletivo, taticamente eu desempenhei bem meu papel dentro das nossas estratégias e no fim é o que importa, que as metas do time como um todo sejam alcançadas”.
Fonte: Yahoo