Sucesso absoluto no início de trajetória no Real Madrid, Rodrygo tem como desafio manter a sua dedicação no dia a dia para não depender apenas do talento como jogador de futebol. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o jovem atacante de 18 anos mostrou discernimento na hora de falar sobre a sua ascensão meteórica, com direito a hat-trick em jogo da Liga dos Campeões.
Considerando apenas seus números nos profissionais, o brasileiro já tem oito jogos disputados, com cinco gols marcados. São 445 minutos em campo sob o comando de Zinedine Zidane e cada vez mais espaço disponível para atuar entre os titulares.
“Eu me preparei para isso e acredito que as coisas, apesar de rápidas, aconteceram naturalmente e no seu tempo. Procurei vivenciar e aproveitar cada momento, aprendendo e evoluindo sempre. Na base, ao subir para o profissional, no período de Santos, nos treinamentos no Real Madrid e agora em campo. O mesmo foi com a seleção brasileira. Procuro tirar o máximo de cada uma das situações, pois sempre temos muito para aprender e melhorar”, explicou o jogador.
Usado como referência entre os atletas que mantêm o “estilo brasileiro”, com velocidade e qualidade no drible, ele começou nas ruas de Osasco (Grande São Paulo) e disse que o segredo para que o sucesso não seja interrompido de forma precoce é não confiar apenas no talento. “O atleta não pode mais viver apenas do talento. Precisa, obviamente, ter talento também. Mas hoje exige uma dedicação maior, precisamos entender o jogo, ouvir os mais velhos, atuar taticamente, mas, obviamente, sem perder a nossa essência. E aí isso vai de jogador para jogador, vai de estilo e também do país, que tem a sua essência. Mas a parte física também é muito importante e está diretamente ligada a um tralho complementar fora, com alimentação e descanso. Assim como a parte psicológica, de saber lidar com tudo que o futebol exige”, completou.
Briga por espaço com Vini Jr.
Contratado por 45 milhões de euros (quase R$ 210 milhões na cotação atual), o jovem chegou para disputar espaço com seu compatriota Vinicius Junior e logo se colocou à frente na fila de preferências de Zidane. O jogador não gosta de falar no termo “briga por espaço” com a revelação flamenguista e ressalta que sua relação com ele fora de campo é excelente.
“Não vejo dessa maneira. Não vim para o Real Madrid ou fui para a seleção brasileira para brigar diretamente com ninguém. Estou nos dois lugares para fazer a minha história e para ter o meu espaço. A minha relação com o Vinicius é de amizade, companheirismo e somos muito amigos. Tanto dentro quanto for de campo, algo que vem desde a base”.
A família dos dois, inclusive, mantêm relação em Madrid, na Espanha, o que facilita a adaptação para os atletas e para todos que deixaram o Brasil junto com os garotos. Assim como Vinicius Júnior, que já declarou que ainda acompanha aos jogos do Flamengo, Rodrygo afirmou que segue na torcida pelo Santos.
“Madri é uma cidade muito especial, que, apesar do pouco tempo, já tenho um carinho enorme. As pessoas são muito educadas, acolhedoras e apaixonadas por futebol. Estou me sentindo muito bem, junto da minha família, e a adaptação tem sido a melhor possível. Não tenho encontrado nenhuma dificuldade, até pela maneira como fui recebido na cidade e no clube. Procuro, sempre que possível, acompanhar os jogos do Santos e fico na torcida. Mantenho contato com o pessoal lá também e espero que isso seja sempre presente na minha vida”, completou.
Além do companheiro de ataque, o brasileiro tem a companhia de outros compatriotas, como Marcelo e Casemiro. O volante virou referência no Real Madrid pela sua forma física atual e também foi parceiro de Rodrygo na última convocação para a seleção brasileira.
“Não só taticamente, mas sua dedicação e comprometimento. O Casemiro é um exemplo para todos. Ele sempre quer treinar mais e fazer mais. Independentemente da posição, é um exemplo de profissional a ser seguido por todos e de um brasileiro que veio para a Europa e já fez história”, afirmou.
Rodrygo é garoto de ouro para Tite e Zidane
Colocado como garoto de ouro para os dois treinadores com que ele trabalha, Rodrygo admitiu que, no início, via Zidane como um grande ídolo, mas que, agora, a relação é extremamente profissional.
“Sobre o Zidane, no início você tem aquela coisa de fã, de admiração, mas depois temos que ter uma relação profissional, de treinador e atleta. E isso que tem acontecido. O Zidane é um cara que tem uma história linda no futebol, como atleta e como treinador, e nos ensina muito a cada dia. Fico feliz de trabalhar com ele e de poder aprender. O relacionamento é ótimo, é uma excelente pessoa e que trata todos muito bem.”.
Sobre Tite, Rodrygo faz questão de elogiar o trabalho do treinador que tem sido questionado na seleção após o título da Copa América e lembra com carinho sobre como foi ficar sabendo que estava convocado pela primeira vez para o time profissional.
“Eu estava em casa descansando na hora e acordei com um amigo gritando. Na hora já fiquei bravo com ele, mas depois que entendi o que era e foi só alegria. Na sequência, meu pai me ligou e foi um momento muito feliz, de realização de um sonho de criança. Espero poder aproveitar esta fase da melhor maneira possível. Fui para evoluir, para treinar bem e pude entrar em campo. Fiquei feliz com este período e agora é seguir fazendo o meu melhor no Real Madrid para poder ser lembrando nas próximas convocações. As referências do Tite são as melhores possíveis, todos que já estiveram lá exaltavam sua capacidade e pude comprovar. Assim como todos os membros da comissão técnica”, finalizou.
Fonte: UOL