Dos jogadores do Bahia, o atacante Élber foi um dos que mais estiveram entre idas e vindas do departamento médico nesta temporada. Os problemas físicos, que nem ele sabe precisar quantos foram, atrapalharam o rendimento e custaram a vaga no time titular, perdida para Lucca. O momento foi difícil, mas não abalou um jogador que já sofreu com críticas pesadas da torcida. Élber melhorou sua preparação, mudou hábitos e voltou a se destacar em campo. O esforço foi premiado nos últimos jogos, quando voltou a ser titular e marcou dois gols.

– Foram três ou quatro lesões, se não for mais. Muitas lesões que me atrapalharam bastante nesse ano. Espero que essas lesões não me atrapalhem mais – espera Élber, que concedeu entrevista ao GloboEsporte.com.

Élber conta que, para não voltar a sofrer com as lesões, adotou mudanças dentro e fora do trabalho. Antes dos treinos, ele faz uma atividade com o fisiologista do clube, Maurício Maltez. Em casa, melhorou a alimentação.

– [Faço] Um trabalho em conjunto com Maurício, pessoal da fisioterapia. Todos eles, antes do treinamento vou na fisioterapia, faço toda recuperação para ir a campo, alongamento, mobilidade, para que isso não possa voltar a acontecer. Está sendo um trabalho em conjunto que está dando certo. É mais na questão de fazer essas coisas antes dos treinamentos, de mobilidade, recuperação na fisioterapia.

“Na alimentação mudou pouca coisa. Comer agora mais coisas saudáveis. Acho que isso está me ajudando bastante a não ter lesões. Cortar refrigerante, biscoito recheado, que eu gostava bastante também. Cortei muita coisa que gostava para estar melhorando nesse lado profissional e evitar lesões”, conta.

O trabalho tem funcionado, e Élber entrou em campo nos últimos dez jogos do Bahia. Mas foi nos últimos três que o atacante retomou a posição de titular e foi decisivo, quando balançou as redes nas vitórias sobre Botafogo e Avaí.

– Finalização a gente trabalha sempre. Não é só porque saíram esses dois gols que eu comecei a trabalhar agora. Sempre trabalhei, sempre procurei, depois dos treinamentos, estar fazendo as finalizações, aprimorando mais. A primeira vez que eu faço dois gols seguidos de uma partida para a outra. Não sou jogador de muitos gols, sou mais de assistências. Espero que agora, já que esses dois primeiros gols saíram, que possam sair muito mais até o final do ano – conta.

Para voltar ao time titular, Élber teve que reconquistar o técnico Roger Machado. Para justificar a entrada de Lucca no time titular, o treinador disse em algumas entrevistas coletivas que precisava de um jogador com características diferentes das de Artur Victor, que atua no outro extremo da equipe.

Só que Élber entrou bem nas partidas em que substituiu Lucca. Ele retomou o posto de titular contra o Corinthians e, após ir bem contra o Avaí, ganhou elogios de Roger Machado. Na ocasião, o técnico chegou a afirmar que o meia parecia estar “de patins dentro de campo”.

– Acho que o Bahia hoje tem elenco muito qualificado. Não são só os 11 que estão começando, mas todos os outros, que são jogadores de qualidade. Na frente tem eu, Artur, Arthur Caíke, Lucca, Marco Antônio, jogadores técnicos que podem jogar com velocidade e flutuando por dentro. Eu entendi naquele momento o posicionamento do Roger, até porque eu vinha de lesão, não vinha tendo sequência de jogos. Mas fiquei tranquilo, com cabeça boa, sabendo que, quando a oportunidade viesse, ia dar conta do recado. E é isso que tento mostrar em campo – comemora o jogador.

O bom momento de Élber coincide com o desempenho dele na temporada 2018. Assim como no ano passado, o meia tricolor se destacou no segundo semestre, quando foi bem no time comandado então por Enderson Moreira. Ele fez três gols nos últimos nove jogos do time no ano.

– Não tenho nem explicação para isso. Eu acho que, independente se é no começo, meio ou fim da temporada, tento dar o meu melhor. Eu acho que, no ano passado, no começo da temporada, os gols não estavam saindo, apesar de fazer boas exibições em campo. E foram sair no meio do ano, até o final do ano. Esse ano também, os gols não estavam saindo, vieram várias lesões. Agora, sem lesões, com sequência de jogos, pude estar crescendo, ajudando a equipe. Espero que, daqui para frente, lesões não possam me atrapalhar e eu possa estar sempre ajudando.

Só que nem sempre foi assim para Élber no Bahia. Além das lesões, o meia já sofreu com críticas da torcida nos momentos de baixa em campo. Uma situação superada e que ele aprendeu a lidar ainda nos tempos de Cruzeiro.

– Eu joguei bastante tempo no Cruzeiro, sei como que é. Não comparando as torcidas, mas são duas torcidas muito grandes, que exigem bastante do jogador. Então essa questão de pressão já vinha de lá; aqui eu sabia que ia ser assim. Torcida de massa, que apoia, que cobra resultado. Se eles cobravam de mim, é porque sabiam que eu poderia estar rendendo de alguma forma melhor. Os gols não estavam saindo, e eu acho que isso foi um modo de eles cobrarem, até porque, no meu modo de ver, eu estava fazendo bons jogos. Mas gols e assistências, naquele momento, não estavam saindo, e as críticas estavam acontecendo. Mas eu estava com a cabeça tranquila, com apoio da minha família, dos meus companheiros, sabendo que, depois que o primeiro gol saísse, tudo ia voltar ao normal. E foi isso que aconteceu. Espero que isso de crítica não possa voltar nunca mais.

Com críticas superadas, Élber espera seguir em alta para alcançar com o Bahia o sonho de levar o time para a Libertadores. Ainda melhor se, de quebra, seguir marcando gols para homenagear o filho.

– Isso começou no jogo contra o São Paulo, aquele primeiro jogo da Copa do Brasil, no Morumbi. Um dia antes, minha esposa me mandou uma mensagem falando que meu filho tinha falado para ela que papai ia fazer o gol e ia ter que fazer a comemoração do Baby Shark. E eu fui feliz no jogo. Graças a Deus, pude fazer o gol e pude estar homenageando ele ali. Neste último jogo agora também, contra o Avaí, pude fazer o gol e homenagear ele. E, no jogo contra o Botafogo, quando fiz o gol, eu nem lembrei. Aí a primeira coisa, quando eu cheguei em casa, a minha esposa falou: “Cadê a comemoração do Baby Shark? Seu filho está cobrando” (risos). Aí falei que esqueci. Mas pode deixar que, na próxima que eu fizer, essa comemoração vai ser a primeira que vou fazer. Foi um pedido de Théo.

Fonte: Ge.com