A rivalidade entre São Paulo e Corinthians extrapola os limites do futebol. O confronto, disputado há 87 anos, terá mais uma página escrita no próximo domingo (25), quando o Tricolor recebe o Alvinegro, no Morumbi, pela partida de ida das semifinais do Campeonato Paulista. Personagem da partida, o zagueiro Bruno Alves já está no clima do Majestoso e, nas horas vagas, aproveita o tempo que tem para brincar com seu filho Henry Miguel, de apenas 1 ano e três meses, para simular o duelo com o rival.
– Hoje (sexta) ele foi brincar com a bola e já chutei em cima dele. É clássico, pô! Já vivo o clima de clássico em casa. Minha esposa fala que estou ficando louco, mas é coisa boa que acontece no nosso dia a dia. O bom é que a bola é de leite (gargalhadas) e não o machucou – brinca o camisa 34 tricolor, companheiro do equatoriano Arboleda na linha de zaga da equipe do Morumbi para o clássico.
Brincadeiras à parte, Bruno Alves sabe da importância de eliminar o Corinthians e avançar à final do Paulistão, algo que o Tricolor não consegue desde a temporada 2003 (em 2005 o São Paulo foi campeão, mas o torneio era disputado no formato de pontos corridos). Para isso, o zagueiro se agarra em seu bom retrospecto pessoal – sete jogos na temporada como titular e, em cinco deles, a equipe não sofreu gols – para obter sucesso no clássico mais importante da temporada para o Tricolor do Morumbi.
Confira o bate-papo do são-paulino com a reportagem do LANCE! concedida no CT da Barra Funda dois dias antes do clássico.
Como vocês receberam a notícia de que a semifinal seria contra o Corinthians?
Recebemos de forma muito natural. Sabemos que nesta fase não podemos escolher adversário. Independente se fosse o Corinthians ou o Bragantino, temos de entrar em campo para honrar as cores do São Paulo e sempre buscar a vitória. A gente acredita que vai ser difícil, pois é um clássico. Dentro de casa, temos totais condições de fazer um bom jogo. Fora também. Nosso objetivo é conquistar essa classificação para a final.
Na fase de classificação do Paulistão, vocês perderam todos os clássicos. O retrospecto pesa no mata-mata?
Isso já passou. Estamos vivendo um novo tempo. O time, no jogo de terça-feira (vitória sobre o São Caetano, por 2 a 0), teve uma atitude positiva, uma mudança de comportamento pedida pelo professor Aguirre. Acredito que temos totais condições de fazer um grande confronto. Esquecer esses números, pois isso ficou para trás. Agora começa do zero. Acredito que quem errar menos sairá classificado.
No jogo contra o Bragantino, o técnico Fábio Carille, do Corinthians, promoveu algumas mudanças na equipe por conta da bola aérea adversária. Como o São Paulo pode se beneficiar disto?
Pode ser uma das nossas armas, sim. Acredito que para a gente fazer um jogo competitivo e buscar alternativas diante do Corinthians, a bola parada pode ser uma alternativa boa para surpreender o time deles. É claro que o Carille, sabendo dessa deficiência, vai procurar neutralizar de alguma forma. Mas temos bons jogadores na bolas aéreas. Precisamos nos concentrar nisso. Ouvirmos bem as orientações do Aguirre para explorarmos isso.
No domingo, você deve jogar ao lado do Arboleda, mas já atuou com quase todos os outros zagueiros do elenco. Como é a relação entre vocês?
Os atletas aqui no São Paulo são bem receptivos. Quando cheguei me deram bastante força. Esta temporada, o grupo está bastante unido. Temos uma amizade grande. O pessoal da zaga, por estar sempre trabalhando junto, tem um relacionamento muito bom. Procuramos manter o entrosamento nos treinamentos. Todos os dias um está fazendo o exercício com outro. Isso é bom para nos conhecermos cada vez mais. O Arboleda é gente finíssima e um excelente zagueiro. Fica fácil jogar ao lado dele.
Muito se comenta, principalmente nas redes sociais, que o sistema defensivo do São Paulo é frágil, mas os números demonstram o contrário. Em 18 jogos, vocês sofreram 12 gols, e em dez partidas vocês nem sequer foram vazados. Como você avalia este desempenho?
A marcação começa no ataque. Quando o time está comprometido, quando os jogadores do ataque pressionam, isso ajuda a bola chegar, como a gente diz, morta lá atrás. Os zagueiros e os volantes adversários não têm espaço para saírem jogando e isso facilita o trabalho. Da mesma forma que o ataque começa da defesa no futebol moderno, a defesa também começa do ataque. Quando o time está comprometido, ajuda bastante a defesa.
O que não pode faltar para vocês nesses dois clássicos com o Corinthians?
A entrega, a raça e a dedicação dentro de campo são inegociáveis. Lógico que temos alternativas boas pelas laterais, a própria bola aérea que a gente já tem. Vamos bater nessa tecla para poder surpreender o Corinthians no domingo e na quarta-feira.
Como vocês viram os protestos da torcida na primeira fase do Paulistão?
O São Paulo é uma equipe muito grande do futebol brasileiro. A pressão por títulos é real, precisamos assimilar isso. A pressão aqui é normal. Todos que estão aqui querem marcar a história do clube, conquistar títulos e vencer o máximo possível. Faz algum tempo que o São Paulo não ganha título, então a tendência é de que haja protestos. Nosso objetivo é colocar um ponto final nisto e trazer o torcedor para o nosso lado.
É o clássico mais importante para vocês?
Sim. Por ser semifinal, podendo levar a gente para uma final de Campeonato Paulista, e também pela situação de buscar vitória em clássico. A gente sabe do retrospecto, queremos mudar esse cenário. Estamos todos mentalizando e focando para conseguirmos os nossos objetivos neste ano.
Sua família é são-paulina. Lembra de algum jogo contra o Corinthians que você assistiu e te marcou?
Não. Eu era bem menor, não tenho essa lembrança. Mas vamos fazer a memória boa agora, né? Já no domingo e na quarta-feira para ficar com a memória fresca. Quem sabe não começa um novo jejum para o nosso lado. A hora é agora. Que dê tudo certo.
Como você faz para relaxar nas suas folgas?
Quando é folga de um dia, combino com a minha esposa vou para a casa da minha mãe, em Jacareí. Busco sempre estar com minha família, ao lado da minha esposa e do meu filho. São eles que sempre vão estar comigo, nos momentos bons e nos ruins. Adoro brincar com o meu filho.
Vejo em seu Instagram que você assiste a muito Dragon Ball com seu filho…
Ah, eu gosto. É um desenho da minha época. Os desenhos de hoje são todos chatos. E faço meu filho assistir ao Dragon Ball, e tem de assistir comigo. Ele pede para mudar de canal e dou uma de desentendido, para ele ficar assistindo. Vê Dragon Ball Z, Super… Vai acompanhar a saga inteira.
Qual outro desenho você assistia?
Cavaleiros do Zodíaco, Supercampeões, esses desenhos bem antigos. Mas tem de colocar no YouTube, porque não passa mais na TV. Precisa fazer uns gatos, enfiar o fio no computador lá.
Mas o que você mais gosta é Dragon Ball mesmo?
É o desenho da minha geração, né? Na época da escola, que era boa, a gente subia, ficava no sofá, passava o sábado de manhã na frente da TV vendo desenho. Só que hoje os desenhos estão meio estranhos, não gosto muito. E eu que mando no meu filho, ele vê o que quero (risos). Não vai mudar mesmo, então está tranquilo. Dragon Ball é fera, faltam dois episódios para acabar o Super, e meu filho está curtindo. No início, queria mudar, mas já está assistindo.
Quando você passa um tempo com seu filho também bate uma bolinha?
Ele brinca. Ontem mesmo eu estava jogando bola com ele na quadra. Ele queria chutar com a direita, mas eu não deixei, não. Tem que chutar com a esquerda porque canhoto é mais valorizado (risos). Em casa, ele tem umas 12 bolas de futebol. Algum retorno ele vai que ter dar.
Vai querer que ele seja jogador?
Se for jogador tem que ser atacante. Zagueiro sofre muito lá atrás (risos).
Fonte: Diário LANCE!