A sensação brasileira na Bundesliga é o atacante Rômulo, do RB Leipzig. Aos 23 anos, o ex-Athletico-PR chegou ao clube alemão na última janela de transferências por 20 milhões de euros (R$ 126 milhões na cotação da época). Mesmo com pouco tempo, ele já é um dos destaques do time, com dois gols e uma assistência em seis jogos.

Em entrevista exclusiva ao 365Scores, Rômulo celebrou o bom início e a conquista da titularidade no RB Leipzig. O brasileiro afirma que o começo na Alemanha “está melhor do que esperava”.

“Todo recém-contratado chega para compor elenco e brigar por espaço. Achei que eu ia passar por essa fase, mas comecei no banco e depois passei a ser titular. Fico feliz por ter feito dois gols, dado uma assistência. É um início muito bom”, disse em exclusiva.

Companheiro de Vitor Roque nos tempos de Athletico, o atacante vive uma fase artilheira desde a época em que estava no Göztepe, da Turquia. No primeiro ano pelo clube turco, quando conseguiu o acesso à elite nacional, marcou cinco gols em 13 partidas na segunda divisão.

Antes de ser contratado pelo Leipzig, na temporada 2024/25, Rômulo teve 17 gols e 10 assistências num total de 33 jogos pelo Göztepe. Com a constância de bom desempenho no futebol europeu, a seleção brasileira passa a ser um sonho mais próximo para ele.

“Não estou criando muita expectativa não, mas todo jogador tem o sonho de vestir a Amarelinha. Esse sonho está vivo dentro de mim até o último jogo da minha carreira. Não boto muita expectativa, é seguir trabalhando, deixar o campo falar. Se eles me convocarem, vou ficar muito feliz, mas se não vou continuar trabalhando. O foco é no Leipzig”.

O contrato de Rômulo com o RB Leipzig é válido até junho de 2030. O atacante nascido em Marialva (PR) fez as categorias de base no Maringá e depois foi para o Athletico, onde se profissionalizou.

Sem espaço no Furacão, foi emprestado no começo de 2024 ao Göztepe, que depois pagou 5,3 milhões de euros ao clube paranaense para tê-lo em definitivo.

Veja outras respostas de Rômulo, do RB Leipzig

Avaliação da passagem pelo Athletico

“Foi um tempo bem difícil no Athletico, tive muitas lesões, não estava na minha melhor forma. É normal o jogador perder a confiança, desacreditando de você mesmo, e quando acontece isso é muito difícil retomar sua performance no mesmo local. Conversei com a minha família, meus empresários e decidimos que era a hora de buscar novos ares.

Muitos falam: ‘Está dando um passo para trás indo para um time da Turquia’. Mas, na real, pode ser para frente porque eu precisava jogar, e lá (no Göztepe) eu ia encontrar isso. Fui feliz no Göztepe, tive minutos, reencontrei minha confiança e consegui performar. Parece até filme, três anos atrás estava no terceiro, quarto time do Athletico, e hoje estou titular em uma equipe da Bundesliga.”

Por que não deu certo no Athletico?

“Vai de tudo um pouco. Eu era novo, tinha acabado de subir para o profissional, um elenco forte, com grandes ídolos. Tive que me adaptar porque na minha posição tinha muita concorrência. Vitor Roque, fenômeno, tinha que jogar, e ainda tinha o Pablo, que é um ídolo do Athletico.

Eu era o terceiro reserva, tive muitas lesões e não ia ter sequência concorrendo com esses caras. Fui para a ponta, onde a concorrência era menor, mas é uma posição que até posso fazer, que eu tinha que fechar uma linha de cinco e não era meu forte. Mas fui feliz lá, não me arrependo de nada, sou muito grato ao clube.”

Ida para o Göztepe, da Turquia

“Teve (interesse de) alguns clubes do Brasil, mas a ideia era vir para a Europa. A Turquia era uma grande oportunidade porque o Göztepe era SAF do Southampton, querendo ou não pode ficar mais fácil de ir para lá. Viemos com os olhos nesse projeto. Me destaquei no Göztepe, não fui para o Southampton, mas abriu outras portas. O projeto deu certo.

Interesses de Zenit e Fulham e escolha pelo Leipzig

“Outras equipes chegaram a um acordo (com o Göztepe), outros interessados, mas o Zenit e o mercado russo não eram meu foco. Tinha o Fulham, mas sempre dei prioridade ao Leipzig por tanto de atacantes que criaram aqui, isso cresce os olhos.”

Dificuldades na adaptação à Europa

“Eu tive dificuldade mais na Turquia (no Göztepe) porque quando fui não falava nem um pouco de inglês e nem de turco. Aqui (na Alemanha) já foi mais tranquilo, desenrolo no inglês, pessoal do grupo fala inglês, então não foi problema a língua. Estou tendo aula de alemão no clube.”

Diferenças entre futebol alemão e turco

“Com certeza, tem uma diferença bem grande (entre Alemanha e Turquia) até pelo investimento, consequentemente a qualidade é maior, a intensidade também.”

Sentiu pressão ao chegar no Leipzig?

“É normal (sentir pressão) porque é um clube grande, a pressão vai ser natural. Claro, consequentemente, quando o valor é mais alto acaba tendo pressão, mas tento não colocar isso na minha cabeça porque se eles pagaram, é porque acreditam em mim, no meu potencial.”

Resenha com os jogadores alemães

“Quando dou um passe diferente, faço um gol bonito no treino, eles falam: ‘Joga bonito’. O brasileiro tem a fama de ser um artista no futebol, e eles brincam com isso. Sobre o 7 a 1 ninguém falou não, mas se falarem eu tenho a carteirada que somos o único penta. Acaba a discussão aí.”

Duelo contra o Bayern de Munique e Harry Kane

“Infelizmente, foi minha estreia nesse jogo, vai ficar marcado, mas eles estão um nível acima da gente, até pelo investimento, todos os jogadores de seleção, uma equipe brilhante. O Harry Kane é sensacional, parece que ele nem corre em campo, mas está sempre no lugar certo. Uma qualidade incrível, realmente ele joga o futebol com a cabeça, pensa muito, sempre bem posicionado. Ele é um ‘world class‘.”

Equilíbrio na Bundesliga

“A maioria aqui (tem qualidade), em todos os jogos tem um ou outro jogador que você fica impressionado, que acaba não conhecendo tanto. A Bundesliga é muito qualificada, quando estava vindo para cá todo mundo falava: ‘No mínimo, 90% dos jogos vai pegar time complicado’. É todo jogo muito intenso, todos os times botam a bola no chão.”

Vaga de camisa 9 em aberto na Seleção

“Um camisa 9 que acho de confiança dele (Carlo Ancelotti) é o Richarlison, que já trabalhou com ele. Mas eu sou novo, tenho 23 anos, falam que o auge do jogador é com 27, 28, então tenho um ciclo de Copa até o famoso ‘auge do jogador’. Estou sem pressão sobre isso.”

Vitor Roque

“O Vitor Roque tem 20 anos. Ele veio para a Europa, não conseguiu jogar tanto como esperado, mas é normal: pressão, cabeça, confiança, não acaba encaixando. Se encontrou no Palmeiras e a fase que está vivendo é espetacular. Tem mais, no mínimo, 15 anos de carreira e, com certeza, vai ser o 9 da Seleção no futuro.”

Assiste aos jogos do Athletico?

“Às vezes eu vejo. Minha esposa é atleticana, então quando tenho tempo acabo assistindo. Mas se a gente não assiste, e o jogo é de madrugada, quando acorda já olha e fala: ‘O Athletico ganhou, vai subir’ ou ‘Ih, agora não vai dar’. Tenho um carinho muito grande pelo Athletico, espero que consiga subir.”

Pensa em voltar ao Athletico?

“Hoje não (penso em voltar), na realidade não penso em voltar tão cedo para o Brasil, não é meu foco no momento. As ligas europeias são um sonho. Ainda não joguei a Champions, e quero jogar um dia. Quero fazer uma carreira brilhante aqui na Europa, mas um dia, se eles me quiserem, as portas estão abertas.”

Números de Rômulo no RB Leipzig:

  • Jogos: 6
  • Nota de Impacto total: 154.99
  • Nota de Impacto média: 25.83
  • Gols: 2
  • Assistências: 1
  • Total de chutes: 11
  • Chutes no gol: 5
  • Minutos jogados: 477

 

Fonte: 365 Scores