Gabriel Menino vive uma nova sequência como titular do Palmeiras e fazendo uma função diferente das que se acostumou ao longo da carreira. Desde a lesão de Lázaro, o meio-campista passou a jogar mais à frente pelo lado esquerdo.
Na última quinta-feira, teve participação importante para garantir a vitória por 3 a 1 contra o Atlético-GO: no segundo gol, virou a bola para Estêvão dar a assistência para Raphael Veiga, e logo na sequência faz o desarme que originou o terceiro gol.
A oportunidade em um novo setor é vista pelo camisa 25 como uma “carta na manga” em um elenco que ficará maior neste segundo semestre.
– Precisava de uns jogos para me firmar na equipe titular, tive uma conversa com o Weverton (antes do jogo contra o Bragantino), de que ia ter a chance como titular, mas como ponta esquerda. Era difícil, porque nunca tinha jogado ali. Ele falou: “desfruta, irmão. Dá o seu melhor, independente de tudo” – recordou, ao ge.
– E eu quero jogar, jogador precisa ter sequência e, se for bem ali, é uma nova posição que o Abel pode contar comigo e tenho oportunidade de ajudar a equipe. E tenho mais uma “carta na manga”, onde precisar, dou conta do recado – acrescentou.
Ainda que teoricamente escalado como ponta esquerda, Gabriel Menino joga muito mais por dentro, como um meia que auxilia na construção de jogo. Em sua carreira, ele atuou na maior parte das vezes como um volante pelo lado direito e até lateral-direito.
Com a recente lesão de Zé Rafael, voltou a ser volante, mas ainda pelo lado esquerdo e com liberdade para chegar no ataque.
– O Lázaro se machucou e depois teve o Red Bull (Bragantino). Voltamos de viagem, dormimos, no outro dia treinei e o Abel me chamou de canto, já rindo. Disse que tinha uma nova missão e uma nova posição para você. Eu já estava esperando (risos) – recordou.
– No lado esquerdo, posso ir onde quiser. Tenho que dar superioridade, fazer 2 contra 1, 3 contra 2. Com mais liberdade, eu fico rodando na frente, e ele (Abel) me deixou livre em campo para tomar as melhores decisões, dar superioridade ao time, ficar perto do Rony, do Veiga, do Flaco, para termos mais ações de gols e matar logo o jogo, como foi quinta – analisou.
A chance em uma nova função traz ainda necessidades de adaptações, como jogar de costas para o gol, algo que Gabriel está pouco acostumado a fazer.
Mas tornou-se uma “carta na manga”, pois assim ele pode disputar posição em mais de um setor. Na sua vaga de origem, Aníbal Moreno tem sido o grande nome, enquanto Zé Rafael (lesionado) e Richard Ríos (na disputa da Copa América) em breve devem voltar a ficar à disposição.
Já na frente, Lázaro está em tratamento de lesão, mas há também as chegadas dos reforços Felipe Anderson e Maurício, que podem estrear no próximo jogo, quarta-feira, contra o Botafogo.
Ainda que estes nomes possam colocar em risco sua sequência como titular, Gabriel Menino valoriza a força do elenco alviverde para o segundo semestre.
– Gostei muito do Felipe (Anderson) nos treinos, ele jogou muito tempo fora, é muito bom ver os atletas de fora no Brasil, eles têm a dinâmica mais rápida, dois toques, não dá para tocar. O Maurício conheço da base, o Giay é jovem ainda, como nós, tem muito a aprender.
– É um elenco recheado, a disputa aumenta, mas aumenta a competitividade com outras equipes, quando um sair, o outro dá conta do recado. Já temos entrosamento com bons e novos reforços chegando. Temos tudo para trilhar um caminho bom – prosseguiu.
Além das contratações, o Palmeiras também trabalha para colocar Dudu em ritmo. Depois da lesão no joelho e a polêmica negociação com o Cruzeiro, o camisa 7 trabalha para recuperar o espaço, e tem em Gabriel Menino um dos companheiros mais próximos.
– O Dudu é meu ídolo, é o elogio mais sincero que tenho. O cara que quando eu subi mais me ajudou e deu confiança. Tenho um carinho enorme por ele, porque sempre via ele jogar, sempre era o craque, e é até hoje, do Palmeiras. Peguei um carinho, a gente sai juntos, brinca juntos no ônibus, avião. Gosto muito da pessoa e do jogador que ele é. É um espelho para mim de jogador e pessoa – afirmou.
– Tudo que ele fez e deixou de fazer, todo mundo comete erros, ninguém é perfeito no mundo. Para mim ainda é o Dudu Guerreiro. Está trabalhando muito. Acompanhei ele na lesão, machuquei o tornozelo e criamos uma relação e estávamos todo o dia na academia e a gente brincava: “não aguentamos mais, vamos virar bodybuilder”. Peguei um amor e carinho por ele a mais do que já tinha.
– É um cara fora de série, está em processo ainda, temos de ter paciência, não é do dia para a noite, mas você vê que ele quase fez o gol. Eu levantei com a mão na cabeça e brinquei, acho que eu que ziquei o gol dele (risos).Está muito feliz, com vontade de jogar e dando o máximo para voltar à melhor fase dele de novo – completou.
Com contrato até o fim de 2027, Gabriel Menino chegou a ter propostas para deixar o Palmeiras no início do ano, mas ele não tem pressa para realizar o sonho de jogar na Europa.
Formado na base alviverde, o jogador de 23 anos acumula marcas no currículo como: o quarto atleta revelado no clube com mais títulos (10), atrás apenas de Lima, Waldemar Fiúme e Junqueira; e a cria da Academia com mais gols em finais pelo profissional (cinco).
– O Anderson Barros me disse uma vez que ele conta comigo no Palmeiras e se um dia eu sair, eu vou escolher o clube. Isto ficou preso na minha cabeça, não tenho o que reclamar no Palmeiras, realizou todos os meus sonhos, sou grato ao Palmeiras– compartilhou.
– Não vou em qualquer cartada ou proposta mais ou menos, só para ir para a Europa. Não vou ser sincero comigo, nem com o clube, e as pessoas no clube. Sou grato ao Anderson. Para mim é o melhor time do Brasil, e tenho o sonho de jogar na Europa. Sou jovem, estou há cinco anos no Palmeiras, deixo nas mãos de Deus, estou hoje no maior do Brasil.
Fonte: Globo