Luiz Gustavo, conhecido como Bahia, tem 17 anos e é apontado no Corinthians como uma promessa que logo pode aparecer no time profissional após a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Recentemente, o jovem volante do Timão teve um mês de novembro cheio de emoções.

Primeiro de felicidade, pelo nascimento da filha. E depois de tristeza, por ter sido cortado da seleção brasileira no Mundial sub-17. Bahia acompanhou em São Paulo o nascimento de Maria Alice. Depois, embarcou para a Indonésia, mas sofreu uma lesão no reto femural a três dias da estreia contra o Irã.

– Foi o maior baque da vida. Trabalhei muito, vinha com a primeira geração do torneio. Vinha sendo jogador bastante querido, estava no meu melhor momento. Fiquei bem chateado. Trabalhei a vida inteira por esse momento, foi um aperto no coração. Levei uma paulistinha, vi que estava doendo, mas era o calor do jogo. Quando dominei a bola, fiz lançamento e escutei barulho. Caí e saí do treino. Foi grau 3 a lesão. Voltei para o Brasil. O (Phelipe) Leal (técnico) disse que foi uma dor me perder.

Nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, o jogador foi a São Paulo em 2016, quando tinha dez anos. A meta da família era conseguir testes em clubes de futebol. Na primeira peneira realizada, logo no Corinthians, o garoto passou. Assim, a partir dali, a família toda se mudou para capital paulista.

Luiz Gustavo, o Bahia, em treino no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Luiz Gustavo, o Bahia, em treino no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

– Alugamos um apartamento, mas foi muito difícil no começo, pelo frio, pela saudade do restante da família. Graças a Deus, vim com minha família pelo menos. Na peneira, ficamos em Santo André, na casa dos amigos do meu pai. Depois, foi uma semana fazendo teste. Quando eu vi São Paulo pela primeira vez achei uma loucura, prédio, carro, fiquei impressionado.

–  O pessoal vive muito intenso aqui, muita correria, fiquei impressionado. Meu pai já vinha para São Paulo pegar mercadoria. Aí ele aproveita e sempre vai no centro buscar produtos. Acabou se acostumando. Ele tem loja na Bahia – contou o garoto.

O destaque no Corinthians levou Bahia a convocações pela seleção brasileira de base. Além da qualidade técnica, o que sempre chamou a atenção de seus treinadores foi o espírito de liderança, como contou ao ge o técnico Guilherme Dalla Dea, que hoje comanda o sub-20 do Atlético-MG.

Bahia, destaque do Corinthians para a disputa da Copinha — Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag.Corinthians

Bahia, destaque do Corinthians para a disputa da Copinha — Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag.Corinthians

– O Luiz Gustavo me chamou atenção logo que cheguei ao Corinthians. Subiu comigo para jogar no sub-17 pela qualidade técnica de passe curto, passe longo, e boa finalização de média e longa distância. Mas o que mais chama atenção, já que era um grupo muito quieto e fechado, é que o Bahia mesmo sendo mais jovem se colocava com personalidade. Tanto que o Phelipe Leal usou ele como capitão na Seleção. É um líder que incentiva o tempo todo, que no momento difícil do jogo controla a ansiedade do time – destacou o treinador, que já foi campeão mundial com a Seleção sub-17.

– Trata-se de um jogador que vejo com muita projeção. Usamos em alguns momentos até como um 5, ele é bivalente. Pode jogar na primeira fase de construção, ou de 8. Eu vinha estimulando muito ele pisar na área como elemento surpresa, até para também fazer gols. Vi evolução e maturidade muito grandes. Tem excelente projeção dentro do Corinthians e quem sabe até fora do país – completou.

Fã da liderança do zagueiro Marquinhos no PSG e na seleção brasileira, Bahia diz que conquistou essa forma de ser dentro de um time de futebol de uma forma natural.

– Eu acho que sempre tive isso, de conversar, de me dar bem com todo mundo. Sou muito capitão pelo meu espírito de liderança, de me comunicar no jogo, de me dar bem com todo mundo, brincar. Fui amadurecendo ao longo da carreira. Eu observo ele, sim, acho o Marquinhos bom em gesticular, falar, futebol está mais intenso, pensado – explicou.

Perto de completar 18 anos, ele segue em transição para o campo e deve iniciar a Copinha como uma opção para o técnico Danilo Andrade, já que perdeu boa parte da preparação por conta do tratamento. A cabeça estará no seu futuro como jogador e também no futuro da filha Maria Alice, de dois meses.

– Eu pretendo ir para o profissional, ser reconhecido pela Fiel e, com fé em Deus, jogar fora do Brasil e ser reconhecido mundialmente por ser competitivo, ganhador, que não se envolve com polêmica.

Fonte: GE