Aos 20 anos, Patryck é quase um veterano no elenco do São Paulo. Em 2020, o lateral-esquerdo foi alçado aos profissionais por Fernando Diniz para treinos e iniciou ali uma escalada para se firmar de vez no time principal.
A ascensão, porém, não começou da melhor maneira. Após dois anos entre treinos no CT da Barra Funda e retornos ao sub-20, ele recebeu a primeira chance de jogar pelos profissionais no Brasileirão de 2022. Foi titular diante do Fluminense, mas a atuação durou apenas 29 minutos.
Patryck em entrevista no São Paulo — Foto: Divulgação
O técnico Rogério Ceni o tirou antes mesmo do intervalo, depois de o lateral mostrar nervosismo e errar muitos passes e jogadas. Foram os únicos 29 minutos de Patryck em campo em 2022. Poderia ser o fim para o garoto no clube, mas significou um recomeço.
– Minha vida é baseada muito em processos. Esse jogo do Fluminense foi um aprendizado grande para mim. Fiquei mais preparado, mais maduro… Foi uma circunstância do jogo. Não deixei me abalar, continuei forte nos treinamentos, no dia a dia, no extracampo também me cuidando bastante – afirmou Patryck em entrevista ao ge.
– Desde a volta do Sul-Americano sub-20 fui efetivado no time principal do São Paulo e venho ganhando minutos e confiança nos treinos, nos jogos. Meus companheiros também ajudam, a comissão técnica e isso me facilita muito, me deixa muito mais confortável para fazer bons jogos – acrescentou.
Patryck e Arias disputam a bola em São Paulo x Fluminense — Foto: Marcos Ribolli / ge
E para dar essa reviravolta em sua situação, Patryck se aproximou bastante de Rafinha, o mais experiente do atual elenco são-paulino. Aos 37 anos, o lateral-direito teve um papel fundamental nessa retomada de confiança do garoto.
Mesmo atuando do lado oposto, Rafinha dá conselhos e orienta Patryck sempre que possível.
– A gente troca muita ideia, principalmente dentro de campo. Nos treinamentos ele me orienta muito sobre posicionamento do corpo, visão de jogo mesmo, sem estar com a bola. Ainda mais ele, que tem uma carreira muito boa, passagem na Europa. Ele fala muito como lá é um pouco diferente daqui, que você precisa estar preparado mentalmente, fisicamente… E essas trocas de ideias sempre são boas para mim, muito positivas. Sempre levo isso para minha vida e para dentro de campo – contou.
A paciência e maturidade para entender o que havia vivido em sua estreia foi recompensada em 2023. Na segunda rodada do Paulistão, Patryck saiu do banco de reservas e deu sua primeira assistência pelos profissionais.
Aos poucos, ele foi ganhando mais confiança e aumentando os minutos em campo. Com a chegada de Dorival Júnior, Patryck alavancou suas participações e foi titular em quatro partidas. Na ida das oitavas de final, diante do Sport, ele atuou nos 90 minutos e sabe o que o Tricolor irá enfrentar nesta quinta, às 19h30 (de Brasília), na partida de volta.
– A gente tem ciência de que não vai ser fácil. A gente sabe a qualidade da equipe do Sport, vimos no primeiro jogo lá na Ilha do Retiro. Não vai ser fácil, mas tenho certeza que a cada treinamento que a gente vem demonstrando, a cada jogo que a gente vem fazendo, a confiança da equipe está lá em cima. Sempre com os pés no chão, eu tenho certeza que vamos garantir a nossa vaga.
Com o 2 a 0 no jogo de ida, o São Paulo pode perder por até um gol de diferença que ainda assim garante a vaga nas quartas de final da Copa do Brasil. Derrota por 2 a 0 leva a decisão para os pênaltis. Mais de 45 mil ingressos já foram vendidos de forma antecipada.
– A atmosfera boa do Morumbi nos dá mais confiança para a entrar em campo, dar o nosso máximo, fazer o nosso trabalho e sair com a classificação.
Veja outros trechos da entrevista com Patryck:
Com 12 jogos de invencibilidade, como está o clima do grupo? As aspirações são maiores?
– Sim, a gente vem pegando confiança no dia a dia, o professor Dorival mostra para cada atleta a sua importância dentro do elenco. A gente pensa num jogo para depois pensar no outro, para depois pensar no campeonato. Vamos buscar a nossa classificação contra o Sport, e depois pensar no jogo do fim de semana contra o Grêmio, que vai ser um jogo difícil também pelo Brasileirão. E é isso, passo por passo, que grandes coisas vão vir no final do ano.
O que que você acha que ainda precisa melhorar no seu futebol para você brigar de vez pela condição de titular?
– Eu acho que eu preciso melhorar mais na minha parte ofensiva. Ler mais uns espaços, as minhas jogadas mais por dentro também, porque isso facilita muito o jogo, ainda mais o nosso time, que é muito técnico, que a gente joga muito aproximado. Troco ideia com o Rafinha, que isso diferencia muito no nosso jogo. Isso entra na visão de jogo, uma movimentação a mais, e são esses pontos, mas eu tenho certeza que no no treinamento, no dia a dia, vou melhorar isso e vou dar meu máximo nos jogos junto com meus companheiros.
Você é convocado há muito tempo pela Seleção, desde o sub-15, foi campeão do Mundial sub-17… Agora você não foi para o Mundial sub-20 porque o São Paulo pediu sua permanência. Como você viu isso?
– Entendi o meu momento e entendi o momento do clube. Fiquei feliz sobre a valorização que eles estão me dando e tenho certeza que se eu continuar fazendo bons jogos, bons treinamentos, dando bem no clube, dando o meu máximo aqui no São Paulo, tenho certeza que outras convocações virão agora nesse novo ciclo olímpico e seleção principal também.
Olimpíada é seu sonho?
– Sim, sim, é uma meta, estou focado nisso. Igual falei: estando bem aqui no São Paulo, tenho certeza de que vou estar lá.
Fonte: GE