Alisson faz o “trabalho sujo” no São Paulo e se orgulha disso. Menos badalado do que outras peças ofensivas do time, o meia foi titular em momentos importantes desde o início da temporada. Às vésperas da final da Sul-Americana, novamente é peça fundamental.

Poupado apenas contra o Corinthians, no Brasileirão, Alisson foi titular nas últimas cinco partidas em que teve chance. Neste período são três vitórias, um empate e uma derrota, contando a virada sobre o Atlético-GO, que levou o Tricolor a decidir no sábado, contra o Del Valle, em Córdoba, na Argentina, o torneio continental.

A presença em momentos fundamentais do time se deve a sua versatilidade. Alisson se desdobra e assume uma função defensiva importante, embora seja um atleta de características ofensivas. Correr para outros atuarem mais soltos surge como prioridade para o camisa 12.

– Como sempre falo: nunca vão ver o Alisson sempre fazendo gols, não é minha característica. Tenho poucos gols, mas gols importantes. Estou ali para ajudar a equipe, é o que me importa. Não só eu, mas como o Igor Gomes, acaba que somos questionados por isso, mas as pessoas que estudam futebol veem o quanto é importante ter atletas assim – declarou.

Alisson tem dois gols em 35 partidas na temporada. A última vez que o meia balançou as redes adversárias foi há seis meses, na vitória sobre o Corinthians, em março, pela semifinal do Paulistão.

– Faço sempre o que o Rogério Ceni pede, tentando ajudar da melhor maneira e dentro das minhas características. Sempre vou falar: dando meu melhor, tenho certeza que isso vai facilitar a qualidade de outros – acrescentou, em conversa exclusiva com o ge.

Ser o cara do “trabalho sujo” no time são-paulino é algo que o atleta abraçou desde a chegada ao clube. Alisson acredita que falta um reconhecimento maior sobre ele ou Igor Gomes, que atua pela mesma faixa de campo, sobre as próprias virtudes diante dessa função mais coletiva:

– Pode ser o Alisson, tem o Igor Gomes que cumpre bem a função. Muitas vezes a gente não é reconhecido tanto, mas dentro de campo e pela comissão, Rogério nos elogia pelo que fazemos. As vezes abrimos espaços para outros companheiros. Vamos ajudando na forma tática para o que a equipe vença.

Logo na chegada ao Morumbi, ele se tornou titular da equipe que terminou com o vice-campeonato paulista. A regularidade no time, contudo, acabou prejudicada em junho. Uma dor no joelho sentida após acordar em Florianópolis, depois do empate com o Avaí, rendeu dois meses de afastamento.

Alisson, do São Paulo, trabalhou sem limitações nesta quinta-feira — Foto: Divulgação

Alisson, do São Paulo, trabalhou sem limitações nesta quinta-feira — Foto: Divulgação

Desde então foram quatro partidas saindo do banco de reservas, tempo suficiente para Ceni colocá-lo novamente entre os titulares a partir do jogo contra o Cuiabá, no início de setembro.

Foi quando o desempenho do time cresceu. O São Paulo afastou o princípio de crise, virou contra o Atlético-GO e chega para decidir a Sul-Americana no melhor momento da temporada, segundo análise do próprio Alisson:

– Estamos bem fortes, psicologicamente, taticamente. É um momento muito bom da temporada para a gente. É um jogo complicado contra uma equipe difícil, espero que possa dar tudo certo.

– Esse jogo do Atlético-GO (semifinal) foi uma amostra do que podemos fazer, conseguir reverter um placar difícil de dois gols. Fizemos uma excelente partida e classificamos. É um time que está pronto, sim. São jogadores experientes com vários títulos, jogadores da base que estão amadurecendo rápido – elogiou.

Confira mais da conversa exclusiva com Alisson:

Está ansioso para a final?

– Sem dúvida. Mesmo já tendo jogado algumas finais, desde a virada contra o Atlético-GO, já comecei a pensar na final, deu frio na barriga. Nesta semana não tem sido diferente, principalmente depois do jogo do Avaí. É um jogo muito importante para nós. Todo mundo focado e feliz por esse privilégio. Bate a ansiedade, que possa chegar logo sábado e fazer uma grande partida.

Como lidar com essa ansiedade?

– Sou um cara muito família, então fico o tempo todo com a esposa e o filho. Acaba que desliga um pouco do futebol. Mas meu filho gosta muito, começa a brincar e dá a lembrança da final. É uma ansiedade tranquila, nada de outro mundo. Vou conversando com a família e brinco com o filho, jogo um videogame, fazendo uma leitura, para dar essa acalmada.

O time está pronto para ser campeão?

– Estamos prontos, sim. Vamos continuar focados e ver o que podemos fazer em cima do jogo. O Rogério Ceni e a comissão técnica trabalham para a gente lidar com os momentos difíceis, como a final do Paulista. É trabalhar bem na semana para chegar ainda mais forte.

E qual característica na sua visão credencia mais o time para ser campeão?

– A união do grupo é uma prova clara. Dentro de campo, não somente nos jogos, mas nos treinos, você vê a união desse grupo. Corremos um pelo outro. Estamos sempre juntos. É bacana demais conviver com esse grupo.

Já observou o Del Valle?

– Sabemos da qualidade, é um time que toca bastante a bola. Vamos trabalhar em cima disso. É continuar nesta semana junto com Rogério e comissão para estarmos bem preparados, vai ser uma guerra, um jogo complicado.

Você tem títulos importantes como Brasileiro e Copa do Brasil. Tem segredo para vencer finais?

– Final não tem como voltar atrás, teria que trabalhar tudo de novo para ver se chega. É deixar tudo o que quer deixar, não pensar no dia seguinte ou anterior. Final entramos com esse pensamento, nós e eles. Final não se joga, se ganha. Creio que os dois lados estão deste lado. É estar bem concentrado para fazer um jogo perfeito no sábado.

Se conseguirem o troféu, será o mais importante da sua carreira?

– Seria o mais importante pela questão da grandeza do São Paulo. É muito tempo um clube como esse sem ganhar um título internacional. Acho que é o mais importante de todo o elenco, todo mundo com esse pensamento. É como o Rogério diz, queremos colocar a foto no quadro, sermos lembrados, dar alegria para a torcida.

Fonte: Globoesporte.com