Ainda tímido e surpreso com a repercussão dos primeiros momentos como atleta profissional, Luis Guilherme é mais uma aposta da base do Palmeiras que tem gerado muita expectativa no clube.
Além da técnica e do poder de decisão, o jovem de 16 anos tem chamado atenção por um diferencial na idade: o potencial físico.
As arrancadas de Luis Guilherme são motivo de empolgação no dia a dia palmeirense. Contra o Vasco, na final da Copa do Brasil Sub-17, ele atingiu 36,4 km/h em uma disputa pelo lado direito do ataque do Verdão – como comparação, o ex-velocista jamaicano Usain Bolt alcançava cerca de 44 km/h.
– Sempre fui rápido, mas quando vi essa velocidade toda fiquei sem acreditar. Até perguntei para o preparador físico se tinha certeza se era essa velocidade mesmo (risos). Tenho dois anos trabalhando também por fora do clube para melhorar minha capacidade física, é fruto desse trabalho – contou o atleta em entrevista ao ge.
– Eu sempre espero ver como o marcador vai estar. Se fica muito colado em mim, eu já dou o tapa e vou embora. Tenho confiança de que vou ganhar. Se vou ou não, não sei, mas tenho confiança.
Um estudo da Fifa de 2015 colocou o galês Gareth Bale como o atleta mais rápido do mundo com a bola nos pés por ter atingido a marca de 36,9 km/h naquela oportunidade. Em 2017, a imprensa francesa noticiou que Kylian Mbappé chegou a 36 km/h em um jogo contra o Lille, pelo torneio local.
Mais recentemente, Bruno Henrique, do Flamengo, teve velocidade avaliada pela Fifa em 38 km/h em um jogo contra o Internacional, pela Libertadores de 2019.
– É um dom dele, da genética dele. Nós começamos a monitorar e logo percebemos que essa velocidade acima de 30 km/h era coisa normal para ele nos treinos e jogos. Ele atingiu velocidade acima de 36 km/h, são poucos jogadores no mundo que conseguem fazer isso. Com a parte física potencializada, ele dá essa resposta diferente de todo o grupo – explicou Vinicius Franco, preparador físico do time sub-17 do Palmeiras.
– A gente potencializa essa característica ao equilibrar a musculatura, para que ele não se machuque nos jogos. Velocidade a gente não dá, e sim adapta para que ele atinja aquilo. É um conjunto de fatores físicos: força, potência, agilidade e boa mecânica de corrida – completou.
Trabalho extra
Aos 16 anos, Luis Guilherme tem uma rotina intensa para um jovem da sua idade. Além dos treinamentos pelo time sub-17 do Palmeiras, ele divide o tempo com a escola e trabalhos físicos complementares fora da estrutura da Academia de Futebol de Guarulhos.
Em um raro tempo livre, o futebol continua presente, tanto que ele não pensa duas vezes ao falar o que gosta de fazer nas folgas.
– Jogar futebol e jogar videogame (risos). Se eu estiver (no videogame) algum dia, acho que vou chorar.
Luis Guilherme na final da Copa do Brasil Sub-17 — Foto: Fabio Menotti / Ag. Palmeiras
Com seu primeiro contrato profissional assinado, o jovem palmeirense projeta continuar realizando sonhos na carreira iniciada precocemente no clube, quando ainda tinha 11 anos. Natural de Aracaju, ele também havia sido aprovado no Vasco, mas decidiu com a família aceitar o projeto do clube paulista.
Em São Paulo desde 2017, iniciou uma parceria que até hoje rende frutos dentro e fora de campo com Endrick. A dupla joga junta desde o sub-11 do Verdão e vem pulando etapas com frequência, tanto que ambos venceram a Copinha de janeiro, competição disputada por atletas de até 21 anos.
– Na pandemia (em 2020), parou tudo, e a gente ficava treinando em casa por vídeo. Quando recebi a notícia de que ia treinar no sub-17, fiquei assustado. São três anos na frente, né? Eu tinha 14 anos. Fiquei sem acreditar e feliz. Foi difícil no começo para me adaptar – contou.
– É diferente, o jogo é outro. Você está acostumado com sub-13, e no jogo do sub-17 a intensidade é outra, é bem mais rápido. No começo, sofri, sim, mas fui me acostumando. No sub-20, tem hora que não dá para fugir (das pancadas). É quase profissional (risos). Tem que pensar mais rápido, ser mais intenso, com tempo você vai se acostumando.
Luis Guilherme com a taça de campeão da Copa do Brasil Sub-17 — Foto: Fabio Menotti / Ag. Palmeiras
A temporada de 2022 tem sido de mais sonhos realizados para o jovem atleta. Antes de assinar o primeiro contrato profissional, ele teve desempenho de destaque com a seleção brasileira sub-17, no torneio de Montaigu, na França. Durante a competição, o garoto atingiu velocidades acima de 37 km/h.
Os próximos passos, talvez em parceria com Endrick no profissional palmeirense, geram expectativa.
– Foi um sonho realizado (jogar na seleção). Todo garoto sonha jogar pela seleção do seu país. Quando tocou o hino, já fiquei segurando para não chorar (risos). Graças a Deus, deu tudo certo… Primeiro penso em fazer história na base, depois lá na frente. Ele (Endrick) é uma inspiração, desde o sub-11. Ele é bastante humilde, mas o mental é de não desistir nunca, sempre acredita em todas e está em todas. É uma inspiração para todo mundo – afirmou o palmeirense.
Campeão da Copa do Brasil Sub-17, Luis Guilherme já teve a oportunidade de participar de um treinamento com o elenco profissional na temporada passada. Desde criança, se acostumou a ver vídeos de Messi e Neymar como inspiração. Na realidade palmeirense, aponta dois ídolos da torcida como espelho.
– A qualidade do Veiga de chutar, e a do Dudu de ir para cima, fazer jogada individual. Acho que tenho um pouco da característica dos dois – brincou o jovem do Verdão, que agradece e se surpreende com o carinho dos torcedores.
– É muito bom falar com a torcida do Palmeiras. Alguns me conheciam e outros não, mas sempre me acolheram da melhor maneira possível. Para ser sincero, fico sem acreditar por ser reconhecido pela torcida. Chego a algum lugar e falam que é o Luis Guilherme, pedem para tirar foto. Não tinha essa experiência, fico muito feliz com isso.
Fonte: Ge