No começo desta temporada, Fernando fez uma promessa ao seu pai. Depois de marcar somente quatro gols nos seus três primeiros anos de Shakhtar Donetsk e cansado por sentir que sua carreira não estava andando para frente, o atacante entrou em uma espécie de modo “é agora ou nunca”.
Menos de cinco meses depois do pontapé inicial da versão 2021/22 dos campeonatos na Europa, o jogador revelado nas categorias de base do Palmeiras já começou a sentir aquele alívio de “dever cumprido”.
Só neste último semestre, o jovem de 22 anos assumiu a titularidade da equipe ucraniana, meteu sete bolas nas redes e marcou pela primeira vez na Liga dos Campeões da Europa, justamente contra o maior vencedor da história do torneio (Real Madrid) e em um dos estádios mais emblemáticos do planeta, o Santiago Bernabéu, na capital espanhola.
“Nesta temporada, as coisas estão começando a dar certo. Desde que cheguei aqui, eu jogava uma partida ou outra. Agora, é diferente. Está acontecendo. Fico muito feliz por essa mudança”, afirmou o brasileiro, em entrevista por telefone ao “Blog do Rafael Reis”.
Comparado a Gabriel Jesus quando estava nas equipes menores do Palmeiras, Fernando só disputou duas partidas pela equipe principal alviverde antes de ser negociado com o Shakhtar, em 2018, por 5,5 milhões de euros (R$ 35 milhões, na cotação atual).
Ao chegar à Ucrânia, o então garoto de 19 anos começou a conviver com uma pesada sequência de problemas físicos que foram minando sua evolução. Foram quatro lesões maiores, uma por temporada, que o deixaram fora de ação por mais de seis meses.
Nesse meio tempo, Fernando chegou a ser emprestado para o Sporting para ganhar experiência. A ideia era passar uma temporada inteira em Portugal, mas ele foi devolvido depois de quatro meses porque não conseguia emendar uma sequência de partidas.
“Tudo aconteceu muito rápido na minha carreira, e eu nunca tinha tido uma fase ruim antes. Por isso, tudo isso foi muito difícil para mim. Por mais que eu estivesse recebendo meu salário em dia, ficava incomodado por não jogar muito. Estava cansado dessa situação. Então, prometi para o meu pai que esta temporada seria diferente.”
Com as lesões de Júnior Moraes e Lassina Traoré, os dois principais centroavantes do elenco do Shakhtar, Fernando viu a oportunidade de ser escalado com mais frequência surgir fora da sua posição de origem (a ponta esquerda). Mas aceitou o desafio de tentar se firmar como “camisa 9” e já virou o terceiro artilheiro do time na temporada.
Empolgado com o bom momento e a consolidação no futebol ucraniano, Fernando já pensa em voos mais altos.
“O Shakhtar é um clube que pega os jogadores mais jovens no Brasil e serve como uma preparação [na Europa]. O meu foco é sempre continuar evoluindo. É claro que quero jogar um Campeonato Inglês ou Espanhol. O importante é crescer.”
Apesar do bom momento de Fernando, o Shakhtar não ocupa a liderança do Ucraniano. Com 16 rodadas da competição já disputadas, a equipe “mais brasileira da Europa” tem os mesmos 41 pontos do Dínamo de Kiev, mas leva desvantagem no saldo de gols (33, contra 35).
O adversário de amanhã é o Lviv. E, na próxima terça-feira, o clube encerra sua participação na fase de grupos da Champions, em casa, contra o Sheriff, da Moldávia.
Lanterna do Grupo D, com só um ponto conquistado em cinco compromissos, o Shakhtar já não pode mais nem mesmo chegar à terceira posição da chave e se classificar para a Liga Europa. Ou seja, sua despedida será mesmo apenas um “jogo de honra” para não deixar a competição sem nenhuma vitória.
Fonte: UOL