Bruno Alves é um dos jogadores com mais tempo ininterrupto no São Paulo atualmente, ficando atrás apenas de Arboleda. O atleta chegou no clube em agosto de 2017 e, de lá pra cá, fez parte de uma das defesas mais sólidas dos campeonatos que o Tricolor disputou.

No último domingo (23), o zagueiro viu seu esforço e sua caminhada de muita resistência no clube serem coroados: A taça do Campeonato Paulista, que o São Paulo não levantava desde 2005, foi conquistada pela equipe.

“Foi um momento de muita felicidade, estávamos almejando muito buscar esse título pelo São Paulo. A gente vinha há bastante tempo trabalhando forte e não conseguindo, porém nunca deixamos de acreditar e de saber que o clube estava no caminho certo, mesmo com tantas dificuldades. Sabíamos que o momento ia chegar. Domingo foi uma explosão de alegria, parece que saiu toneladas das minhas costas”, disse o zagueiro, em entrevista exclusiva à TNT Sports.

O camisa 3 do Tricolor relembrou um conselho que recebeu do ídolo Diego Lugano, com o qual chegou a dividir o vestiário no ano de 2017, sobre a seca que o clube vivia até o último domingo. A última taça, até então, era de 2012, pela Sul-Americana.

“Lembro de uma frase do Diego Lugano em que ele disse pra mim, em 2017. Ele olhou pra mim no vestiário e disse que estava feliz por naquele ano o São Paulo ter se livrado do rebaixamento, mas falou que no ano seguinte teríamos que buscar uma conquista, porque a cada ano que o São Paulo não conquistasse, a pressão ia aumentar. Ele explicou que seria normal, tínhamos que buscar uma conquista porque só assim ia amenizar e saberíamos o tamanho que é conquistar pelo São Paulo. Eu lembro disso direitinho”, contou o zagueiro.

Ainda sobre o ano de 2017, Bruno Alves avaliou toda sua trajetória pelo Tricolor, entre seus altos e baixos, até chegar no topo: Levantando o troféu.

“Cheguei em um ano muito difícil. Na minha primeira semana teve um clássico que perdemos e logo depois teve uma reunião com os torcedores no CT. Eles falaram que realmente estariam junto com o clube, não deixariam o São Paulo cair, mas queriam que a gente honrasse a camisa. Aí eu pensei: ‘Meu Deus, é uma panela de pressão, tem que amadurecer rápido’. Em todos os anos, talvez tenha sido o mais difícil da história do clube, então amadureci bastante e serviu de aprendizado pra chegar nesse momento de conquistas. Aconteceu na hora certa, juntaram pessoas vitoriosas pra que acontecesse nesse momento. Então a gente fica com uma alegria imensa no coração de levar alegria pro torcedor novamente”, finalizou.

Confira outros trechos da entrevista com o zagueiro são-paulino:

Disputa de zaga

“O Crespo vem fazendo um trabalho fantástico no São Paulo, é um esquema que é o DNA do clube, deu super certo. Ele tem o grupo na mão, sabe a qualidade de cada um. Ele avisou que todo mundo teria oportunidade com ele e, sinceramente, eu não me sinto reserva. Estou tendo uma carga muito grande de jogos. O bom é que está todo mundo pronto para ser utilizado. Essa é a filosofia que o grupo vem adotando e está dando muito certo”.

Mistura de jovens com os experientes

“Estamos sempre conversando em busca de evolução. O Miranda passa muitas dicas para nós, ele que, na minha opinião, trabalhou na melhor escola defensiva, que é a italiana. Quando ele chegou, a gente já começou a perguntar para ele de jogo e de marcação. Ele foi ensinando muitos detalhes e isso, coincidência ou não, subiu o nível de todos. Hoje é um nível altíssimo. Os jovens estão na mesma batida, você vê que os meninos do São Paulo não podem mais ser considerados meninos. Eles já sabem o tamanho  e o peso do clube. Ontem fiquei muito feliz pela partida que o Shaylon fez, é um menino que trabalha bastante nos bastidores e estava merecendo uma oportunidade. O ano é longo, terão muitos jogos, e o São Paulo vem com elenco muito forte nessa temporada, onde todos se sentem importantes e valorizados”.

Clima do elenco

“Está um clima leve, lógico que com a vitória facilita, né? Realmente é uma coisa que devemos bater na tecla, o elenco é muito unido, não tem vaidade nenhuma. Você vai jantar no CT, a janta acaba 19h e a gente fica na mesa até 21h conversando, rindo, contando histórias, ninguém quer subir pro quarto. É um momento fantástico de união e uma coisa vai agregando na outra. São detalhes que fazem com que fiquemos mais felizes, motivados e inspirados para fazermos um bom papel ao representarmos o São Paulo”.

Amizade com Reinaldo

“O Reinaldo é fantástico. Dividimos quarto desde a volta dele em 2018, são quatro anos concentrando com ele. Ele é muito engraçado, onde ele chega todo mundo sabe que o Reinaldo está ali. A gente sempre conversava, quando estávamos numa fase difícil, sobre quando que isso iria mudar, quando que conquistaríamos algo com o São Paulo. Porque a gente escuta tanta história de pessoas que passaram e não conquistaram. Eu falava pra ele que não queria ser esses caras, eu queria ser campeão. Foi chegando nessa reta final de paulista, a gente concentrando junto, a ansiedade ia batendo na porta. No dia da final eu falei para ele que estava um clima diferente pela primeira vez. Falei que seria nosso, não teria como a gente perder esse título, e ele falou que também estava confiante. Passamos por muitas coisas juntos.  Quando acaba o jogo, sai um peso do tanto que batalhamos, lutamos e também de poder levar alegria pro torcedor, que vem tendo anos difíceis. É uma sensação inexplicável, valeu a pena”.

Saudade do torcedor e da família no Morumbi

“Faz bastante falta. A gente ficou pensando no Morumbi lotado domingo, quantas mil pessoas teriam. Ia ser uma loucura, uma festa danada. A gente respeita e torce para que a pandemia acabe logo, temos que nos cuidar. Mas o que a gente mais pensa é em ter o torcedor do lado novamente para irmos juntos no caminho das vitórias.

Fonte: TNT