A imagem de Bruno Alves erguendo a cabeça dos companheiros após a derrota do São Paulo para o Corinthians na final do Paulistão encheu o torcedor de orgulho, tanto que o próprio clube destacou o gesto do zagueiro em suas redes sociais. Prestes a encarar o Flamengo, às 16h deste domingo, no Morumbi, já defendendo a liderança do Brasileirão, o defensor disse ao LANCE! que prefere ser um líder “silencioso” e disse enxergar no atual elenco uma identificação com o são-paulino da arquibancada.
– Tem várias formas de liderança, e eu gosto da minha liderança mais silenciosa, falando com os meninos e até com os caras mais experientes. Falo muito para os meninos que hoje um atleta profissional espera cinco, dez anos para estar em um clube como o São Paulo, espera a carreira inteira. Eles estão tendo a oportunidade de subir de Cotia e já estar aqui, então tem que aproveitar o máximo possível. Quem não está tendo oportunidade também tem que continuar trabalhando, com persistência, com humildade, porque a hora de todo mundo chega. Parece frase clichê, mas realmente chega. Eu falo para eles que às vezes demora um mês, um ano, no meu caso demorou oito anos. Então não pode desistir, é continuar trabalhando no caminho certo que as coisas acontecem. Todos escutam muito bem, todos que estão entrando estão tendo sucesso. Gosto dessa liderança silenciosa, de falar dentro do vestiário – disse o defensor, que citou diversos jogadores como lideranças do elenco.
– Hudson, Hernanes, Reinaldo, Pato, Anderson Martins, Arboleda, Volpi… Todo mundo tem um pouco de liderança ali, o elenco é bem dividido nesse quesito. Acredito que isso tudo agrega um valor muito bom para ajudar o São Paulo.
Bruno Alves usou a braçadeira de capitão do São Paulo apenas uma vez, no fim da partida contra o São Bento, pelo Paulistão, após Hernanes ser substituído. Mesmo assim, é visto internamente como uma liderança positiva. Diferente de Hudson e Hernanes, que costumam falar nas rodas de vestiário, ele se destaca pelas conversas individuais com os companheiros, principalmente aqueles que têm menos que os seus 28 anos.
Ao levantar a cabeça dos companheiros na Arena Corinthians, ele passou um recado claro ao restante do grupo: a campanha no Paulistão, apesar de não ter culminado no título, tem de ser um ponto de partida para esta temporada. Cuca, inclusive, usou as cenas de exemplo na preleção da partida contra o Botafogo.
– Às vezes a gente faz as coisas e nem imagina a proporção que vai tomar. O que eu fiz ali foi de coração, era um sentimento muito mesclado, de saber que a gente estava tão perto de conquistar um título que queríamos muito e que infelizmente não deu. É difícil até de dizer, mas a gente lutou, se entregou ao máximo. Vi o grupo inteiro comprometido, dando o melhor. Para mim, a gente jamais poderia sair da arena do Corinthians de cabeça baixa. Sair triste, sim, mas de cabeça erguida por ter dado nosso melhor. É trabalhar mais, sabendo que o nosso melhor vai dar resultado na próxima vez – disse Bruno.
– Acho que a gente recuperou a identidade, o que o clube queria, o que o torcedor queria. Hoje ele se sente identificado, vê um time com garra, com vontade de vencer, buscar títulos. Isso está crescendo dentro do clube. No ano passado lideramos o Brasileiro por bastante tempo, só que oscilamos na fase decisiva. Nesse ano, já chegamos na final do Paulista. Acredito que a gente está amadurecendo, está no caminho certo para buscar títulos – completou.
Eleito um dos melhores zagueiros do Paulistão pela Federação Paulista, Bruno Alves não terá Arboleda ao seu lado diante do Flamengo. Machucado, o equatoriano dará lugar a Anderson Martins.
Veja outros trechos da entrevista de Bruno Alves:
Liderança natural
Acho que posso dizer que é aquela liderança silenciosa. Não sou muito de estar falando, mas procuro ser um líder com atitudes, conversando com os meninos mais novos, falando para aproveitar a oportunidade. Acredito que tem vários tipos de liderança, e essa é a minha, mais silenciosa, mas contribuindo bastante dentro do vestiário.
Derrota na final
Por mais que tenha sido dolorido, temos que entender que passou. Fica um pouco na cabeça, mas é como o professor Cuca disse: a gente tinha alguns dias de luto, mas quando se reapresentasse já era para estar pensando em fazer um grande jogo contra o Botafogo. Isso realmente deu certo, a gente fez um grande jogo, também vencemos o Goiás, que é uma equipe muito boa. O Cuca tem o elenco na mão, está fazendo um excelente trabalho.
Demorou para a ficha cair
Eu fui dormir 4h30 depois da final, acordei 7h sem sono nenhum e vi o jogo mais quatro vezes. A minha esposa até brincou comigo, falou que já tinha passado, mas eu queria ver, queria melhorar observando os erros. Foi um grande jogo, decidido nos detalhes. Você vendo de fora, dá para perceber que o time realmente se entregou. O Luan machucou no meio do jogo e ficou. Teve jogador que saiu esgotado. Você vê que realmente o grupo foi no seu limite, fez o máximo. É melhorar, evoluir para conquistar títulos.
Rodrigo Caio
O Rodrigo é um amigo que ganhei no futebol, falo com ele quase todo dia. Fico feliz pelo sucesso dele, é um cara que merece muito. Fez bastante pelo São Paulo, hoje está defendendo outro clube, e fico feliz pelo bom momento dele. Mas a amizade fica fora de campo nesse jogo (risos).
Sem Arboleda
O Arboleda é um excelente zagueiro. Mas o clube tem zagueiros muito bons, não tenho dificuldade nenhuma de jogar com o Anderson, tem o Walce, o Kal e o Rodrigo que são jovens muito bons também. Teve aquele rodízio com o Aguirre, comigo, o Arboleda e o Anderson. Isso não vai atrapalhar.
Chegada de Cuca
O Jardine fez um ótimo trabalho também, mas infelizmente não deu certo. O Mancini conseguiu resgatar o São Paulo que todo mundo queria ver, e nisso já tinha um pouco do Cuca, porque os dois estavam trabalhando juntos. O Mancini falava que conversava com o Cuca e ia mudar alguma coisa, principalmente na marcação dentro da área. O Cuca chegou já implementando uma saída de bola do jeito que ele gosta, e acredito que está tendo resultado. Nosso time está bem ofensivamente, criando chances de gol, tendo intensidade, marcação do jeito que ele pede. O Mancini começou e o Cuca deu continuidade.
Fonte: Lance!