Desde o seu primeiro dia no Fazendão, na reapresentação do Bahia, em 3 de janeiro, dava para perceber que Artur era um jogador diferente. Chamava a atenção a hiperatividade, percebida em alguns detalhes comportamentais, como o fato de descer para o campo antes dos demais jogadores, ajudando os auxiliares de comissão técnica a levar os materiais de treino, como bolas e colchões. Enquanto espera seus companheiros, ele costuma ficar arriscando chutes a gol ou simplesmente faz malabarismos com a bola.
Desde que o ano começou de fato, Artur tem demonstrado em campo o quão importante pode ser para o Bahia no decorrer da temporada. Até então, ele marcou um gol e deu uma assistência em três partidas e participou de forma efetiva em mais quatro dos 11 gols da equipe.
Em entrevista exclusiva ao CORREIO, o meia-atacante se mostrou surpreso com o bom início.
– Acho que foi uma surpresa pra mim, porque eu passei muito tempo sem jogar. O primeiro jogo eu senti bastante, mas vi que estava muito bem fisicamente, só que sem ritmo de jogo. Na segunda (partida) fiz o primeiro gol, desde 2017, acho que meados de novembro, eu tinha feito o último jogo. Foi uma surpresa por estar bem, ter feito o gol tão rápido.
De fato, o ano passado foi difícil para Artur, que teve duas lesões sérias. Ele realizou uma cirurgia no tornozelo, em fevereiro, e depois quebrou o braço, em setembro. Tudo isso fez com que jogasse apenas sete vezes, sendo somente uma como titular, nos 3×0 do Palmeiras sobre o Paraná, na Série A.
Até marcar nos 7×1 do Bahia sobre a Juazeirense, Artur vinha de um jejum de mais de um ano sem balançar a rede. Como lembrou anteriormente, a última vez havia sido no dia 14 de novembro de 2017, quando o Londrina venceu o Guarani por 1×0 pela Série B.
A rápida adaptação ao sistema de jogo é fruto de um bom entendimento com Enderson Moreira.
– O enfrentei quando ele treinava o América-MG e (já no Bahia) ele conhecia minhas características, pediu para eu jogar bem aberto. As características do time que ele coloca pedem um jogador rápido, que vai para o drible. Me encaixei bem na formação tática dele – explica.
Artur valoriza também o entrosamento com Gilberto, com quem tem feito uma boa parceria nos primeiros jogos do ano.
– Gilberto é um cara muito humano, muito gente boa. Desde o primeiro jogo eu falei que sempre ia buscar ele, que ele seria sempre minha primeira opção e está dando certo. Contra o Santa eu participei dos três gols, ele fez dois e então acho que é assim que a gente está se comportando. Espero que ele faça mais e eu possa dar mais passe para ele fazer gols.
Sem pretensão de brigar por artilharia, Artur afirma que ficaria satisfeito com o camisa 9 balançando as redes e ele responsável pelo posto de garçom tricolor na temporada.
– Tá ótimo, maravilha (risos)”. Em 2017, o jogador foi o líder de assistência naquela edição da Série B, pelo Londrina, com 11. Marcou oito gols.
Dybala do Nordeste?
Artur conta que já recebe carinho dos torcedores por onde passa em Salvador. Inclusive, ele não escapou de uma mania bem comum ao baiano, que é a de apelidar as pessoas. O apelido que ganhou, porém, foi bem recebido.
– Já escutei várias vezes o pessoal me chamando de Dybala do Nordeste. Acho uma maravilha ser comparado a um jogador de alto nível, como é o Dybala. Acho que não pareço muito com ele não, algumas características sim, por ser canhoto, finalização, acho que tem algo um pouco parecido – analisou. O Dybala original é argentino, tem 25 anos, e atua na Juventus, da Itália.
Artur é mais novo, tem apenas 20 – completa 21 no dia 15 de fevereiro -, mas já carrega consigo algumas experiências importantes no futebol. Em 2017, fez parte da seleção que disputou o Sul-Americano Sub-20.
– A experiência é muito boa, convivência com outros atletas de outros times, conhecer outro país, cultura, estilo de jogo. Foi uma lição muito boa – disse, para depois elogiar o companheiro Ramires, representante tricolor na atual seleção.
– Eu não cheguei a conhecer ele ainda, só de jogar contra e vi que ele é muito bom.
O atacante mostrou ansiedade em jogar seu primeiro Ba-Vi, domingo (3), às 17h, na Fonte Nova.
– Já ouvi demais falar sobre Ba-Vi, sei o quanto é importante pro Bahia esse jogo. Essa semana vai ser um espírito diferente das demais. Quando a gente joga contra o rival, o clima é diferente. Vamos fazer essa semana valer a pena para chegar no domingo e fazer os três pontos – afirma, confiante.
Texto: Correio 24 Horas
Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia