Bruno Alves foi um dos grandes destaques do São Paulo em 2018. Considerado a quarta opção para a zaga no início da temporada, o defensor conseguiu aproveitar as oportunidades de substituir concorrentes considerados mais badalados para chegar ao fim do ano como o jogador que mais atuou do setor e também o que teve o melhor desempenho. Foram 41 partidas, com 22 sem deixar a equipe sofrer gols.
– Acho que individualmente foi um ano muito bom pra mim. Sabia que no início teria poucas oportunidades, então as que aparecessem teria que aproveitar da melhor maneira possível. Como você disse, tiveram lesões e convocações e eu fui ganhando sequência. Fui trabalhando com muita humildade, dedicação, respeitando todo mundo e acho que ali na reta final do Paulista, com o professor Aguirre, tive uma sequência maior e pude emendar junto com o Brasileiro. Consegui fazer jogos importantes para ajudar o São Paulo e termino a temporada individualmente feliz, mas sabendo que coletivamente poderíamos ter rendido melhor – afirmou Bruno Alves em entrevista à Goal Brasil .
A felicidade por conta dos bons números individuais contrasta com o sentimento de frustração devido a queda de desempenho de toda a equipe no returno do Brasileirão. O Tricolor, que liderou a competição nacional por oito rodadas, acabou terminando em quinto lugar e terá que disputar ainda a fase preliminar da Libertadores.
– Tem a história do copo meio cheio e meio vazio. Se formos pensar pelo ano passado, esse foi um ano muito bom, mas se avaliarmos pelo primeiro turno que a gente fez, da expectativa por estar brigando pelas primeiras posições e ter essa queda de rendimento, a gente ficou um pouco frustrado – admitiu.
– Se a gente soubesse (os motivos da queda de rendimento) resolveria logo e não passava por isso. Infelizmente, acontece no futebol. Oscilamos no momento importante do campeonato, onde era para darmos a arrancada e se distanciar. Perdemos alguns jogadores e acredito que isso pode ter sido fundamental. Não conseguimos manter devido à quantidade de jogos. Foi bom para aprender, temos que tirar lições de todas as coisas e procurar melhorar para que isso não ocorra novamente em 2019 – acrescentou.
Para conquistar títulos em 2019 e escrever o seu nome na história do São Paulo, Bruno Alves promete manter a única das várias superstições que não deixou de lado desde que chegou ao clube: quando Henry Miguel, seu filho de dois anos, vai ao Morumbi, o Tricolor vence.
– Tinha várias (superstições), mas chegou uma fase que não estava adiantando. A única que sobreviveu foi o Henry. Quando o São Paulo oscilou ele estava em Florianópolis. Minha esposa foi resolver uns problemas lá e ficou um mês fora. Foi nessa época que o São Paulo caiu. (risos). Até brinco hoje que a culpa foi dela e ela diz que não tem nada a ver, mas o que sobreviveu foi o Henry. A gente não perdeu com ele, então esperamos levar isso para 2019 também – declarou.
Durante o bate-papo com a reportagem da Goal Brasil , no CT da Barra Funda, Bruno Alves ainda relembrou os passos dados ao lado do pai até virar jogador, falou sobre sua evolução desde que trocou o Figueirense pelo São Paulo, comentou o trabalho de Aguirre e projetou a próxima temporada, que terá Jardine no comando da equipe.
Goal – Não só a titularidade, mas muitas outras coisas mudaram da sua chegada ao São Paulo até hoje. Concorda?
Peguei comissões muito competentes. A do próprio Dorival (Júnior), do Aguirre e agora nesses últimos jogos a do professor Jardine também. Pude aproveitar o melhor de cada uma delas defensivamente, na saída de jogo, achando espaço entre as linhas… Acho importante pegar um pouco de cada treinador para ir evoluindo e tenho certeza de que posso evoluir ainda mais.
Goal – O Aguirre tinha a característica de mexer muito no time de um jogo para o outro. Como era isso?
O Aguirre deixou bem claro quando chegou que gostava do rodízio e que se preocupava muito com o ritmo de jogo e as lesões. Ele falou que na zaga iríamos jogar dois jogos e ficar um de fora. Entendemos com bastante naturalidade, porque entre a gente existe um respeito e um carinho muito grande. Fora de campo somos todos amigos, um procura corrigir o outro nos treinos e nos jogos. Ajudamo-nos e nos cobramos porque sabemos que independentemente de quem jogar o São Paulo está bem representado.
Goal – Como foi ter o Jardine como técnico nessa reta final do ano e como o grupo recebeu a notícia da efetivação dele para 2019?
O Jardine é um treinador vitorioso. Pela base, conquistou vários títulos, então chegou cobrando para termos um time vencedor e com ambições de conquistar títulos pelo São Paulo. Ele é um cara que cobra bastante nos treinos para que nos jogos a gente possa sofrer menos. O grupo comprou bem a ideia, está se dedicando ao máximo. Estamos passando por uma fase de transição, mas acredito que evoluímos bem nesses últimos jogos e temos tudo para crescer ainda mais com a pré-temporada.
Goal – O fato de Corinthians e Palmeiras, principais rivais do São Paulo, estarem conquistando muitos títulos nos últimos anos pressiona ainda mais vocês a acabar com esse jejum de seis anos do Tricolor?
Sabemos que por jogar no São Paulo já tem a pressão natural pela grandeza do clube. Encaramos isso com maturidade, sabemos que os adversários estão ganhando títulos e também queremos conquistar os nossos para fazer a nossa história no São Paulo, mas acredito que tudo tem o seu tempo certo. Seguiremos trabalhando com humildade e dedicação para que no ano que vem a gente possa estar conquistando os nossos também.
Goal – O São Paulo tem aquele espaço com todos os quadros dos times campeões. O objetivo, claro, é ficar marcado ali também né?
Sonhamos e trabalhamos para isso. Sabemos que o elenco que conquistar um título grande pelo São Paulo ficará marcado na história devido até a essa falta de títulos, então estamos bem focados, conscientes e dando o nosso melhor para que isso possa acontecer.
Goal – Seu pai foi o seu grande incentivador na carreira. Quando você veste a camisa do São Paulo quais as recordações que vem à sua cabeça dele e das dificuldades até virar jogador?
Cada vez que eu jogo é um sonho realizado. Não tem como não lembrar pelo o que meu pai fez por mim. É um cara que sempre me acompanhou pra cima e pra baixo, então é assim em todos os jogos que eu entro. Na verdade, todo treino. Estar no São Paulo já é a realização de um sonho, então eu procuro dar o meu máximo independentemente de estar jogando ou só treinando.
Goal – A maioria das crianças quando começam a jogar bola querem jogar no ataque. Você, porém, queria ser goleiro e no fim foi parar na zaga. Conta essa história.
(Risos). Eu morava em Jacareí e tinha um campinho perto de casa que era de areia e a parte que tinha mais era no gol, então dava pra ficar pulando e a gente gostava, mas meu pai já cortou a ideia. Chutou umas bolas fortes e eu desisti. O fato de ser alto nas categorias de base também me fez ir pra zaga. No início, era volante, mas foram me empurrando pra trás, me colocaram na zaga e dali não saí mais. Depois que você vai aprendendo é uma posição legal e estou me dando bem.
Goal – Sempre que pode você leva seu filho pra entrar em campo com você no Morumbi. Se ele quiser ser jogador, vai querer que ele seja zagueiro que nem o pai?
(Risos). A gente o deixa bem à vontade. Estamos trazendo ele direto, o levamos para o campo e ele gosta dessa atmosfera. Fico feliz, então, se ele quiser seguir o caminho, vou dar todo o apoio, mas espero que ele seja meia ou atacante. Zagueiro sofre muito, então deixa ele tentar fazer os golzinhos dele que é melhor.
Goal – O Bruno Alves em casa é uma cara que consome futebol ou prefere fazer outras coisas?
Sou um cara bem família. Particularmente minha vida é do treino para casa e de casa para o treino. Quando estou de folga procuro aproveitar ao máximo meu filho, levo-o nos parques, brinco com ele… Sabemos que o tempo passa rápido e perdemos muito tempo pelo fato de estarmos concentrando direto. Quando ele dorme, aí fico vendo os jogos. Não consigo me desligar por completo. Pode estar passando um jogo da Série B, entre dois times que não estão brigando por nada, que mesmo assim não consigo mudar de canal. Se acontece algo de errado já chama a esposa pra comentar.
Goal – Pra encerrar, o que o torcedor pode esperar de você e do time para 2019? E com o Henry vindo para os jogos no Morumbi né?
Fica mais fácil (risos)… Podem esperar um Bruno Alves mais determinado, corrigindo alguns erros que cometeu no ano e procurando evoluir sempre. Neste ano, resgatamos a essência do São Paulo de estar batalhando, colocando o clube como protagonista, então vamos lutar bastante para no ano que vem estar disputando finais e chegando para conquistar títulos.
Fonte: Site Goal.com