O atacante Rodrygo ainda se divide entre a preparação física e psicológica para ser a nova joia santista e os dramas típicos da adolescência. Após fazer o segundo gol da vitória do Santos sobre o Nacional e se tornar o jogador brasileiro mais novo a marcar um gol na Copa Libertadores, ele pediu desculpas por faltar à escola. “Desculpa, professores, faltei na escola por um motivo bom. Jogador brasileiro mais jovem a marcar na Libertadores”, escreveu nas redes sociais o aluno do terceiro ano do Ensino Médio.
Rodrygo tem 17 anos, dois meses e seis dias. Antes dele, outro menino revelado pelas categorias de base do Santos era o dono do recorde. Diego, hoje meia do Flamengo, marcou na vitória do Santos contra o América de Cali, na Colômbia, por 5 a 1, na Libertadores de 2003. À época, ele tinha 17 anos, 11 meses e cinco dias.
Artilheiro em todas as categorias de base do Santos, Rodrygo Silva Goes vem sendo preparado cuidadosamente para ser o novo craque do time. Cuidadosamente significa que os psicólogos da equipe da Vila dão uma atenção especial para o menino que soma dez jogos na temporada e três gols marcados. Significa também que ele faz um trabalho específico de treinamentos e que até o técnico Jair Ventura adotou uma estratégia cautelosa.
No mês passado, o jogador foi blindado pelo clube para entrevistas exclusivas. “Tenho conversado bastante com ele. Vamos escalá-lo aos poucos”, disse Jair ao Estado.
O atacante vem sendo notado desde muito cedo. Aos 11 anos, ele foi o jogador brasileiro mais novo a assinar contrato com a Nike, gigante do ramo de material esportivo – Neymar firmou seu vínculo com a empresa apenas aos 13. A negociação pelo primeiro contrato profissional foi difícil. No ano passado, o atacante recebeu uma proposta oficial do Liverpool, da Inglaterra, e sondagens de outros europeus. Para concluir a negociação em julho, o Santos ofereceu um aumento e um plano de carreira. “Ele se sentiu valorizado. Quer devolver ao Santos o que o clube entregou a ele”, diz o empresário Nick Arcuri.
O principal conselheiro de Rodrygo é seu pai, Eric, que também foi jogador de futebol. A partir da carreira construída em clubes como Criciúma, Linense e Ceará, ele procura ensinar o “caminho das pedras” ao filho. “A gente sabe quais são os problemas, o que pode tirar o foco, principalmente com jogadores mais jovens. Com isso, procuramos evitar o que pode dar errado”, diz o ex-atacante.
As características como jogador – rápido, driblador e goleador – e a estrutura fora de campo – presença do pai ex-jogador na condução de sua carreira e a força dos patrocinadores – levam inevitavelmente às comparações com outros craques santistas, especialmente Neymar.
Apesar de todas as semelhanças, o jogador não gosta de comparações. “É uma cobrança desnecessária. Já é tão difícil chegar ao Santos e conseguir espaço. As comparações trazem mais cobrança. Ele é o Rodrygo”, argumenta o pai.
Fonte: O Estado de S.Paulo