Para alguns times e personagens do Brasileirão-2017, o campeonato acabou mudando para melhor no segundo turno. Entre eles estão São Paulo e Bahia, que conseguiram se livrar do perigo do rebaixamento com um bela campanha na segunda metade da competição. Neste domingo eles se enfrentam, no Morumbi, com a mesma pontuação e podem até descolar uma vaga na Copa Libertadores, dependendo de uma combinação de resultados.

No entanto, esse período do certame tem sido especial para um personagem específico do time baiano. Trata-se do atacante Edigar Junio, o artilheiro do segundo turno com dez gols, estando à frente de Henrique Dourado, do Fluminense, Trellez, do Vitória, e Luiz Fernando, do Atlético-GO, todos esses com oito tentos.

– Eu fico muito feliz e não posso deixar de agradecer aos meus companheiros, porque a gente é um conjunto. Para que a bola chegue até mim, é necessário que todos estejam trabalhando em conjunto. Acaba que eu, como centroavante, sou o finalizador, temos que exaltar todo o grupo, oque vem me ajudando nesse tempo todo e eu me sinto muito contente por essa marca de artilheiro do segundo turno – falou Edigar em entrevista ao LANCE!.

A artilharia simbólica do returno é uma espécie de recompensa pelos quase dois meses que ficou afastado dos gramados por conta de inflamação no osso das duas canelas. O processo de volta não foi fácil, mas o destino fez com que um fator mudasse o cenário a seu favor.

– Eu tive um estresse na tíbia nas duas canelas, e aí tive que ficar quase dois meses parado durante o Campeonato Brasileiro. Eu voltei, fiquei quatro jogos no banco, foi quando o Carpegiani me deu a oportunidade de ser titular, e eu consegui aproveitar a chance.

A chegada de Paulo César Carpegiani acabou mudando não só a condição e a fase de Edigar Junio, mas também o caminho do Bahia dentro da competição. Um time que parecia estar na briga contra o rebaixamento, passou a disputar posições na parte de cima da tabela, chegando na última rodada com a chance de levar uma vaga na primeira fase da Copa Libertadores.

– Acho que com essas trocas de treinador a nossa equipe acabou perdendo um pouco de confiança, perdeu um pouco o conjunto, e o Carpegiani trouxe isso de volta para a gente, maior organização tática e confiança. O nosso elenco é bem qualificado e estava faltando um pouco de confiança para a gente brigar pelos três pontos, tanto dentro de casa quanto fora, a gente passou a jogar assim e vem colhendo os frutos – afirmou o centroavante antes de completar com mais elogios ao treinador:

– Com o Carpegiani, a assimilação foi bastante rápida, ele chegou, conseguiu fazer a nossa equipe engrenar, a gente conseguiu uma sequência muito boa e fez com que a gente se distanciasse do Z4 e chegasse na última rodada podendo garantir uma vaga na Libertadores.

Continuar sonhando com essa vaga no torneio continental, passa primeiro por uma vitória sobre o São Paulo, fora de casa. O time paulista é adversário direto na briga, e ambos dependem de uma combinação de fatores para se garantirem, somente vencer o duelo não será suficiente. Por isso o jogo deste domingo ganha ares de decisão.

– Acho que as coisas caminharam para isso (decisão contra o São Paulo), eles fizeram uma promoção, acredito que o estádio vai estar lotado, então a gente vai entrar com esse espírito, a equipe deles vem numa crescente também, se a gente não tiver esse espírito, a gente pode sofrer, então temos que estar com os pés no chão e chegar para brigar de igual para igual, mas chegar com humildade e responsabilidade – alertou o atacante.

Edigar Junio marcou dez gols nos últimos 11 jogos em que atuou, média de quase um tento por jogo, o que cria a expectativa para que consiga balançar a rede mais vez no confronto diante do São Paulo. Se é difícil prometer um gol na última rodada do Brasileirão, o atleta faz questão de manifestar o desejo de continuar no clube em 2018.

– Eu tenho contrato até 2019, estou feliz aqui, estou me sentindo bem, adaptado, espero continuar dando alegria aos torcedores – finalizou.

BATE-BOLA EDIGAR JUNIO, ATACANTE DO BAHIA

Em 2014 você estava no Joinville na campanha do acesso à Série A do Brasileirão, em 2015 você esteve na campanha do rebaixamento do time catarinense, já em 2016 subiu com o Bahia e agora pode até conquistar uma vaga na Libertadores. Como foram esses últimos anos na sua carreira?

É uma evolução muito grande, venho trabalhando bastante para isso, passei um ano difícil em 2015, mas serviu de aprendizado, a gente sabe que na carreira acontecem muitas coisas, a bola rola muio rápido, acredito que este ano tem sido o melhor da minha carreira, pela temporada que venho fazendo, de título da Copa do Nordeste, de gols no Brasileirão da Série A. Estou muito feliz, agradeço muito a Deus pelas coisas que vêm acontecendo e espero que em 2018 continue evoluindo.

O que espera para 2018?

A gente sempre espera conquistar títulos, aqui no Bahia a gente vai disputar Campeonato Baiano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil, já temos a Sul-Americana garantida, estamos brigando pela Libertadores, então já mostramos neste ano que o nosso elenco é forte, de fato vão sair alguns jogadores, mas eles vão manter uma base e a gente tem que pensar grande. Temos que dar alegria ao torcedor com títulos, eu espero que no ano 2018 continue evoluindo.

Acredita que as trocas de treinador acabaram limitando as expectativas do time em 2017?

Nunca é bom quando há uma mudança de treinador, mas isso parte da diretoria, eles que sabem o melhor momento de trocar ou não de treinador. Eu penso que nós jogadores precisamos de um tempo para acostumar com a metodologia do treinador quando troca, querendo ou não, são pensamentos diferentes, posturas diferentes, e isso faz com que a gente demore um pouco para assimilar.

Qual foi a sua principal virtude na briga por uma vaga no ataque titular do Bahia? Como venceu a concorrência?

Eu acho que são oportunidades, eu fiquei um tempo de fora, vinha bem no primeiro semestre da temporada, na Copa do Nordeste pude fazer o gol do título, e acabou que eu fiquei afastado, mas teve o momento em que eu voltei a ser titular, que foi contra o Palmeiras. Eu aproveitei minha oportunidade e marquei dois gols. Então eu acho que é mais questão de oportunidade, porque o nosso elenco é muito qualificado e não pode dar brecha. Durante os treinamentos todos vem se dedicando, isso faz com que a concorrência seja maior, faz com que o Bahia cresça, e aí nos jogos os resultados aparecem.

Qual é o papel do Carpegiani no atual momento da equipe no campeonato?

A nossa equipe passou a jogar melhor, passou a brigar de igual para igual com qualquer time do Brasil, então isso facilita para que a bola chegue ao ataque. Ele foi um diferencial para o grupo todo. A gente joga com os esquemas mais atuais, tem outros esquemas que ele gosta também, ele está atualizado, tem a modernidade, e a gente vem entendendo o que ele passa dentro de campo.

Fonte: LANCE!