RSCara de mau, o rei da zoação, paizão e determinado. Todos esses adjetivos combinam bem com Raphael Silva, o zagueiro do Criciúma. Quem conhece o defensor sabe que ele faz cara feia só dentro das quatro linhas, incomoda muito os companheiros de elenco com palhaçadas e brincadeiras, baba muito pela fillha Raphaela e também almeja comprar uma casa para morar na cidade do Sul de Santa Catarina quando pendurar as chuteiras.

Natural de Cuiabá, no Mato Grosso, Raphael da Silva Arruda precisou sair da cidade natal aos 14 anos para realizar o sonho de ser jogador de futebol. Dez anos depois, após passagem por Rio Preto, Ponte Preta e Boa Esporte, o zagueiro é titular absoluto na equipe do técnico Roberto Cavalo e tem a simpatia da torcida que veste o preto, branco e amarelo. Ao andar pelas ruas de Criciúma, consegue perceber um pouco do carinho que o torcedor tem por ele devido a segurança que passa à frente da zaga, além das investidas ao ataque.

Mas a seriedade é destaque apenas dentro da quatro linhas, revelou a esposa do defensor. De acordo com Amanda Soeiro, a cara fechada que aparenta nas partidas da Série B do Campeonato Brasileiro não é nada perto do que ele é no vestiário, em casa ou nos corredores do Heriberto Hülse.

– Dentro de campo ele é mais sério, mais focado. Em casa, com os amigos, ele é bem brincalhão. Temos as reuniões das esposas, e as meninas falam: “O Raphael é o que mais brinca, mais zoa”. Ele é assim, brincalhão, focado, é assim. Por mais brincalhão que ele seja, é sempre focado, sempre centrado no que ele quer, nos objetivos que ele quer – contou, em conversa com o Globo Esporte.

Ao se defender da “acusação” da esposa, ele destacou o compromisso e apreço que tem pelo Tigre.

– Fora de campo eu sou um pouco brincalhão, até em casa ou no clube, junto com os meus companheiros, no vestiário, mas a partir do momento que entro em campo, acaba a brincadeira. Não podemos brincar na hora do trabalho – descreveu Raphael, que completou, em tom de brincadeira.

– A cara de mau é para intimidar os atacantes. É muito importante para nós (risos).

O zagueiro com cara de sério é um dos mais brincalhões do time carvoeiro. Que o diga Roberto Cavalo. Sobre o camisa 3, o comandante citou o mesmo número de características: sério, família e engraçado. Para ele, o conjunto é que transforma Raphael Silva em um profissional cada vez melhor dentro e fora dos gramados.

– O Raphael tem uma personalidade muito boa, um cara de família. Aos domingos, quando eu vou na missa, ele está sempre lá. Ele é um mineirinho quieto, ninguém nota, né? Ele fica pegando no pé de todo mundo, brincando. Não tenho nenhum medo de colocar ele no jogo, é muito guerreiro. Não é qualquer dor que o tira do jogo, estamos muito felizes com o rendimento dele – disse o técnico.

Antes de assinar contrato com o Criciúma por duas temporadas, a cidade era apenas mais uma no mapa, aquela que ficava a aproximadamente 100 quilômetros de Laguna, local em que a família Silva passa férias. Mas, depois da experiência de 2016, o município será a morada de Raphael, Amanda e Raphaela depois que o chefe da família se aposentar dos gramados.

– A gente chegou aqui e eu estava com 37 semanas de gestação, bem no final, barrigão. Chegamos e fomos muito bem acolhidos pelo Criciúma. Em uma semana que estávamos aqui, o Criciúma arrumou tudo, médico, foi tudo preparado. Para nós, qual a maior alegria? É ver o filho bem, com tranquilidade. Fomos muito bem recebidos. Nós já resolvemos que aqui será a nossa casa. É aqui em Criciúma que vamos morar depois. Já estamos procurando lugar para comprar. Pretendemos ficar aqui, é um lugar bom, fomos bem acolhidos, temos que ficar onde somos felizes. Estamos felizes.

RS_famíliaDesde janeiro no Sul de Santa Catarina, o defensor atuou em 49 partidas com a camisa preta, branca e amarela, sendo 21 vitórias, 11 empates e 17 derrotas, e tem três gols anotados.

CONFIRA UM PAPO DESCONTRAÍDO COM O ZAGUEIRO DO TRICOLOR:

ROTINA LONGE DE CASA
No começo não foi fácil, ficar longe da família, dos amigos. Eu tinha uma infância com os meus amigos…e mudar totalmente e viver sozinho praticamente desde novo. Mas acho que no começo foi meio difícil, mas consegui me adaptar rápido. Com 16 anos eu já tive a oportunidade de ter o primeiro jogo no profissional no Rio Preto mesmo, acabei ficando oito anos lá, a base inteira e no profissional. Em 2013, tive a oportunidade de ir para a Ponte Preta, também no profissional. Fiquei muito feliz com a oportunidade que apareceu. E, hoje, estou aqui no Criciúma, o que é uma felicidade imensa.

O MELHOR MOMENTO NO TIGRE E O QUE QUER ESQUECER
Acho que as derrotas (quer esquecer). É esquecer e trabalhar em cima dos erros para que isso não aconteça mais. Mas creio que tive bons momentos aqui também, espero estar crescendo cada vez mais com a camisa do Criciúma e honrando cada vez mais também da melhor forma possível.

FORÇA DO GRUPO NAS DERROTAS
Tem que ter a força do grupo. As outras equipes se preparam. Sempre que estiver em campo vou procurar fazer o melhor. É só trabalhando para conseguir as vitórias mesmo.

ATACANTE MAIS DIFÍCIL QUE MARCOU
O Zé Carlos, do CRB, foi um deles, é um cara experiente, chato de se marcar. É um dos que foi mais difícil. Ele quer se sobressair pela experiência, pela idade. Por eu ser novo, acho que ele quis tentar intimidar. Mas é tranquilo, é dentro de campo. Depois que acaba é outra história. O Walter também, na época que estávamos na Primeira Liga, do Atlético-PR, é um atacante difícil de se marcar.

PARCEIROS DE ZAGA (DIEGO GIARETTA, NATHAN E FERRON)
Desde o começo da temporada a gente vem bem entrosando, aí depois tive a oportunidade com o Nathan, onde nos adaptamos muito rápido. Acho bacana ter dois ou três parceiros para sempre estar entrosado. Ele procura sempre orientar dentro de campo a nossa defesa, por ser mais experiente. É um cara que sempre gosta de falar, de orientar.

A FILHA RAPHAELA
É tudo para mim. Um dia planejamos tanto um filho e fomos premiados e presentados por Deus por essa bênção. Às vezes chego do jogo cansado, estressado, olho para ela, vejo aquele sorriso e conforta. É a melhor coisa que apareceu na minha vida. Tem aquele momento de descontração. Agora está na fase que querer andar. O melhor momento é ver um filho andar e falando. É importante acompanhar o crescimento.

2017 E O CONTRATO ATÉ O FIM DO ANO
Tenho contrato, quero cumprir até o final. Estou muito feliz aqui no Criciúma, fui muito bem recebido. Espero estar até o fim do meu contrato e, se possível, ficar por mais tempo também. Será muito importante para mim e para o clube.

CIDADE DE CRICIÚMA
Me identifiquei com a cidade e com o clube. Por onde passo os torcedores sempre me elogiam. Eu fico muito grato por isso. Estão reconhecendo um bom trabalho que estou fazendo aqui.

PROPOSTA DO CRUZEIRO
Surgiu, mas acho que acabou não evoluindo. Eu também não ia ficar insistindo, não cabe só a mim a decisão. Deixaria para o meu empresário, para o presidente do clube. Estou feliz aqui. Se tiver que cumprir meu contrato até o final, vou cumprir da melhor forma possível.