A temporada do Leicester, de quase rebaixado à campeão inglês, é tida entre as mais surpreendentes do futebol. Mas a campanha liderada por Claudio Ranieri não foi a única em 2015/2016 que se destacou pelo grau de improbabilidade na Europa. Na Romênia, por exemplo, o pequeno Astra Giurgiu conquistou o título nacional com vantagem significativa sobre o grande Steaua de Bucareste. E, em Portugal, é o Arouca, time do município homônimo com 22 mil habitantes localizado no distrito de Aveiro, dono de estádio com capacidade para 7 mil pessoas, que vem chamando atenção: também de quase rebaixado no ano passado, a equipe garantiu vaga na próxima Liga Europa, sua primeira classificação na história para importante competição do continente.
– Todos acompanharam o título inglês, vimos a grande campanha e a espetacular conquista deles. Guardadas as proporções, nossa campanha tem alguma semelhança, sim. Um trabalho muito grande, envolvendo muita gente, buscando esse objetivo. Quem sabe não seremos lembrados aqui em Portugal como está sendo o Leicester em todo mundo? – afirma Jubal, ex-Santos e atual zagueiro da equipe lusitana.
No último sábado, após a derrota do Rio Ave para o Porto em casa, os jogadores do Arouca puderam comemorar a classificação matemática para a Liga Europa de 2016/2017. O feito chega para coroar uma ascensão meteórica nas divisões de acesso da Liga Portuguesa, também semelhante à do Leicester. Se, em 2008/2009, os Foxes estavam na terceira divisão da Inglaterra, o Arouca galgou ainda mais: em 2006/2007, a equipe se encontrava na quinta divisão de Portugal.
O acesso à primeirona veio em 2012/2013, e o time terminou o ano seguinte em 13º lugar. Em 2014/2015, ficou na 16ª posição, a apenas dois pontos da zona de rebaixamento. Nesta temporada, a história foi diferente desde o início, e não por causa da chegada de grandes jogadores. Jubal foi apenas um dos três reforços trazidos pela diretoria. A equipe foi se encontrando organicamente durante o campeonato sob o comando do treinador Lito Vidigal, que chegou em junho do ano passado, vindo do Belenenses.
– É um clube que está começando aqui na Primeira Divisão, apenas no terceiro ano de participação. Um clube novo, que está procurando crescer. É difícil comparar com os brasileiros, pois todos na série A são bem estruturados, mas diria, com todo respeito ambos, que o Arouca é como uma Chapecoense. Não em nível de estrutura, mas de tamanho – diz Lima, que jogou no Botafogo e agora é lateral-esquerdo titular da equipe portuguesa.
O Arouca começou o ano pensando em se manter na primeira divisão, mas alcançou a quinta colocação do Português na 23ª rodada e brigou por ela a partir de então. A classificação matemática veio no último sábado, após a derrota do concorrente Rio Ave para o Porto. Os jogadores comemoraram na casa de Ivo Rodrigues, atacante da equipe. Coincidência ou não, a confraternização se assemelhou à feita pelo elenco do Leicester na casa de Jamie Vardy, durante a partida entre Chelsea e Tottenham, que deu o título inglês ao time de Ranieri.
Além de comemorarem entre si no último sábado, dia da classificação, os jogadores terão a oportunidade de celebrar no Estádio Municipal de Arouca na próxima e última rodada do Português, contra o Vitória de Guimarães. Apesar de serem pequenos em quantidade, os torcedores que forem ao estádio carregarão um orgulho enorme consigo. Para Jubal, o feito não leva apenas o clube para outro patamar no país, mas a região inteira.
– Desde o início, a nossa torcida sempre nos apoiou. A cidade está mobilizada e onde a gente vai sempre tem um carinho muito grande de todos. Para eles, é um orgulho carregarmos o nome da cidade para lugares mais altos – conta.
Fonte: Globoesporte.com